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ADMINISTRAÇÃO
Eletropaulo diz que repassará custo, que começa em dezembro, para consumidor de 24 cidades; medida pode ir à Justiça
Serra quer obter R$ 30 mi com taxa do poste
LUÍSA BRITO
ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), decidiu cobrar R$
3,52 por poste instalado por empresas em áreas públicas da cidade. A taxa, regulamentada ontem,
é polêmica e, segundo a Eletropaulo, será repassada para o consumidor na conta de luz.
A arrecadação prevista é de R$
30 milhões por ano, suficiente para o recapeamento das marginais
Pinheiros e Tietê -serviço estimado em R$ 24 milhões.
A Eletropaulo diz que, se a lei
vingar, a conta de luz subirá a partir de julho de 2006, quando ocorre o reajuste anual da tarifa.
Cada cliente, estima a empresa,
vai pagar de R$ 0,50 a R$ 0,60 a
mais por mês. Porém, o reajuste
só pode ocorrer com o aval da
Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que regula o setor.
Mas há risco de a cobrança não
ocorrer -as prefeituras de Rio
Claro e Osasco, em São Paulo,
tentaram estabelecer a mesma
medida, mas foram barradas por
determinação da Justiça.
A Prefeitura de Osasco, por
exemplo, emitiu a cobrança em
2003, mas um mandado de segurança obtido pela Eletropaulo
barrou o repasse do dinheiro.
O advogado Antonio Sérgio
Baptista, representante da APM
(Associação Paulista de Municípios), defende a cobrança, mas
ressalta que nenhuma prefeitura
conseguiu mantê-la após ser
questionada na Justiça.
"As empresas concessionárias
de serviço público alegam imunidade constitucional. A tese até
agora aceita pela Justiça é que
existe a prerrogativa legal de que
União, Estados e municípios não
podem cobrar impostos, taxas ou
qualquer tipo de tributo entre si.
Apesar de serem empresas privadas, as concessionárias do serviço
público conseguem barrar a cobrança quando juízes entendem
que elas ocupam o papel da
União", disse Baptista.
O vice-presidente comercial da
Eletropaulo, Ricardo Lima, afirmou que a empresa vai consultar
a Aneel sobre a legalidade da cobrança. Ele disse ainda que advogados estão estudando como o caso pode ser tratado na Justiça.
A legalidade da cobrança desse
tipo de taxa é analisada pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
Tarifa igual
Além dos paulistanos, moradores de outras 23 cidades servidas
pela Eletropaulo poderão pagar
uma conta de luz mais alta. Isso
porque o contrato de concessão
prevê que a empresa tem de aplicar a mesma tarifa em toda a área
em que distribui energia.
Em setembro, quando Serra
sancionou a lei aprovada na Câmara Municipal, a Aneel disse
que a cobrança iria onerar a conta
de luz. Na época, o diretor da
agência, Jaconias de Aguiar, afirmou à Folha que ""evidentemente
[a cobrança] vai para a tarifa".
Isso porque, pelos contratos de
concessão, alguns tipos de despesa extra das concessionárias de
energia devem ser incluídos no
cálculo da conta de luz.
Ontem, a Aneel disse que só vai
se pronunciar depois que conhecer a regulamentação da lei.
Indagada sobre o possível efeito
para o consumidor, a assessoria
de Serra disse que a discussão só
ocorrerá em 2008, quando, segundo seu entendimento, acontece a revisão periódica da tarifa.
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