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TURISMO
Equipamento foi retirado por empresa, cujo contrato foi cancelado
Disputa judicial deixa Anhembi sem telefone
FABIO SCHIVARTCHE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A empresa oficial de turismo de
São Paulo, a SPTuris (antiga
Anhembi Turismo), a porta-voz
da prefeitura junto aos turistas
que visitam a capital, ficou muda
no último final de semana. Desde
então tenta operar sem sua central telefônica de PABX com 1.200
ramais, que foi retirada na última
sexta-feira após uma batalha judicial que envolve suspeitas de irregularidades durante a gestão da
ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
A queda no sistema de comunicação aconteceu justamente na
véspera da Virada Cultural (maratona de eventos culturais durante 24 horas) e de evento de
grande porte no pavilhão de exposição do Anhembi.
O equipamento foi retirado pela
Global OSI, empresa que prestava
serviços de comunicação para a
SPTuris até julho deste ano. Ela
ganhou na Justiça o direito de reaver o material após alegar que a
prefeitura rescindiu unilateralmente o contrato entre ambas.
O contrato, iniciado em 2003,
seria de cinco anos. Ao final, as
benfeitorias instaladas no
Anhembi ficariam com a SPTuris.
O contrato foi rescindido após
uma auditoria da SPTuris apontar
uma série de irregularidades na
escolha da Global OSI (ainda na
gestão petista) e na execução dos
serviços por ela prestados até julho deste ano. Em resumo, foi
constatado que:
1) A escolha da empresa ignorou a exigência de experiência mínima de cinco anos (a Global OSI
teria só três anos e meio);
2) Houve falta de equipamentos
e outros não tinham qualidade ou
estavam obsoletos;
3) Não foram apresentadas notas fiscais relativas a vários serviços prestados, não sendo possível
conferir sua execução -há suspeita de que a empresa omitiu
parte da receita;
4) A Global OSI subcontratou a
empresa RDM para executar parte dos serviços.
Sobre esse último item a auditoria da SPTuris aponta para uma
cláusula do contrato que proíbe a
Global OSI de subcontratar outra
empresa para fazer os serviços.
A Global OSI nega irregularidades e diz que retirou os equipamentos amparada por decisão judicial.
Telefone sem fio
Procurada pela Folha na tarde
de ontem, a assessoria de imprensa da SPTuris informou que a retirada da central de PABX prejudicou muito o trabalho do órgão.
No final de semana, a empresa
municipal contou com menos de
200 linhas telefônicas cedidas pela
empresa expositora. Ontem, já
havia obtido mais 160 ramais para
uso dos funcionários da sede
-ainda muito aquém da necessidade diária de 1.200 linhas, com
uma média de 50 mil chamadas
por dia. Alguns departamentos
continuam mudos.
A falta de outros equipamentos
retirados pela Global OSI (telefones, cabos e linhas de transmissão) também comprometeu o tráfego de dados de segurança (informações sigilosas sobre cartões
de crédito e de débito) e a conferência de material, provocando
uma fila de caminhões que se estendeu até a pista da marginal
Tietê, junto ao Anhembi.
A SPTuris, que está colhendo
mais provas do que considera irregular para anexar ao processo
que tramita no Ministério Público, põe sob suspeita a subcontratação da RDM, cujo proprietário,
Rafael Marmo, foi gerente financeiro do Anhembi no ano passado
-ainda na gestão petista.
Procurado pela Folha, Marmo
disse ontem que a RDM foi desativada em maio deste ano. Mas
confirma que até então sua empresa foi subcontratada pela Global OSI para prestar serviços de
comunicação no Anhembi. "Mas
está tudo dentro da lei", disse.
Hoje, já na administração do
prefeito José Serra (PSDB), a avaliação da SPTuris é que pode ter
havido pressão política de pessoas
ligadas ao governo anterior para
que o trabalho fosse repassado a
essa empresa.
Corrobora essa tese, segundo a
SPTuris, o fato de os três advogados que defendem a Global OSI
terem ocupado cargos importantes na gestão Marta.
Uma delas é Anna Emília Cordelli Alves, que foi secretária de
Negócios Jurídicos no início do
governo petista. A outra é sua ex-chefe-de-gabinete Ilza Defilippi
Dias. O terceiro é o ex-ouvidor da
polícia paulista, Itajiba Farias Ferreira Cravo -que ocupou cargo
no Anhembi nas três administrações municipais que antecederam
a de José Serra. Os três negam interferência nos contratos.
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