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Prisão-modelo não parou Beira-Mar, diz PF
Polícia diz que ele continuou a chefiar grupo mesmo preso; 11 pessoas, incluindo a mulher do traficante, foram detidas
Delegado diz que Beira-Mar continuava a comandar o grupo por meio de parentes, amigos e advogados que o visitavam nas prisões
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é acusado pela PF (Polícia
Federal) de, mesmo preso em
uma penitenciária de segurança máxima do país, se manter à
frente de uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de drogas e armas, lavagem de dinheiro, contrabando e homicídios.
Onze suspeitos de integrar a
quadrilha foram presos ontem
no Rio, São Paulo, Mato Grosso
do Sul e Paraná. Um deles é
Jacqueline Alcântara de Moraes, mulher de Beira-Mar.
Responsável pelas investigações, iniciadas há um ano e
meio no Paraná, o delegado
Wagner Mesquita disse que
Beira-Mar continuava a comandar o grupo porque se valia
dos parentes, amigos e advogados que o visitavam nas prisões
por onde passou desde que foi
preso na Colômbia, em 2001.
Esses visitantes, entre eles
Jacqueline, seriam os responsáveis por transmitir as ordens
de Beira-Mar. O delegado nega
que, durante as investigações,
ele tenha usado celulares para
falar com seus comandados.
Em julho de 2006, Beira-Mar
foi levado à prisão de segurança
máxima em Catanduvas (PR)
-apresentada pelo governo
Lula como a solução para isolar
presos perigosos e desarticular
suas quadrilhas. No final de julho deste ano, foi transferido
para outra prisão-modelo, em
Campo Grande (MS).
Segundo Mesquita, a mulher
de Beira-Mar assumiu o segundo posto na hierarquia do grupo após o desaparecimento do
advogado João José de Vasconcelos Kolling, há seis meses, no
Rio. Para o delegado, Kolling foi
morto a mando de Beira-Mar.
"Jacqueline passou a ser a
número 2 com o sumiço de Kolling. Antes, ela dava apoio administrativo. Depois, passou a
fazer acordos com fornecedores e a conferir material."
A Folha não conseguiu localizar o advogado de Jacqueline.
A organização criminosa teria contatos em pelo menos
quatro países (Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela),
disse Mesquita. A entrada no
país de cocaína, maconha e armas ocorria, principalmente,
por Foz do Iguaçu (PR).
Desde o início das apurações,
a Polícia Federal diz ter prendido 30 pessoas e apreendido 753
kg de cocaína e 3,6 toneladas de
maconha, além de armas e munições.
Batizada de Operação Fênix,
a ação resultou na prisão de
quatro pessoas no Rio, cinco no
Mato Grosso do Sul, uma em
São Paulo e uma no Paraná.
Entre os presos estão advogados e parentes de Beira-Mar.
Filho do traficante, Felipe Alexandre da Costa, 21, foi levado à
sede da PF em Campo Grande,
mas, como nada havia contra
ele, foi liberado.
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