São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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No Rio, festa de casamento teve estátua de traficante

Imagem representou noivo em churrasco em casa de festas na Barra, em outubro

Convidados receberam par de sandálias com pequena foto do casal; traficante se casou com advogada em prisão de MS em setembro

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi o primeiro preso a se casar dentro de uma penitenciária de segurança máxima no país. Mas isso não bastou: sua união com a advogada Jacqueline Alcântara de Moraes, 32, foi comemorada também em um churrasco em uma casa de festa de alto padrão na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
A festa, no dia 20 de outubro, teve direito a convite com caricatura dos noivos e a estátua de Beira-Mar, já que o de carne e osso não podia deixar a cadeia.
Vinte três dias antes da festa, o traficante e a advogada tinham se casado, no civil e no religioso, na penitenciária federal de Campo Grande (MS), onde ele cumpre pena. O casal, que tem três filhos, oficializou a união que já durava 15 anos.
Na comemoração no Rio, o noivo não compareceu, mas segundo investigações da Polícia Federal, uma estátua com seu tamanho foi levada para a casa de festas para representá-lo.
Além de dividirem a festa com uma imagem inusitada, os convidados de Beira-Mar e Jacqueline receberam um par de sandálias Havaianas com uma pequena foto do casal reproduzida em uma das tiras.

Caricatura
O convite para a comemoração do enlace continha uma caricatura do casal e uma passagem bíblica: "As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam", capítulo 8, versículo sétimo, do "Cântico dos Cânticos", de Salomão.
Ontem, na casa de festas citada no convite, uma funcionária confirmou que o churrasco começou às 14h e terminou às 18h. A casa de festas cobra aproximadamente R$ 85 por convidado, mas não informou quantos estavam presentes na festa de Beira-Mar.

Casamento na prisão
Na cerimônia da penitenciária em Campo Grande, em 28 de setembro, Beira-Mar estava de fraque e Jacqueline, com um vestido de noiva branco. Casaram-se em 30 minutos em cerimônia celebrada por um pastor evangélico, segundo o Ministério da Justiça.
Além de quatro testemunhas, foi permitida a entrada da filha de Beira-Mar, de 9 anos, e de um sobrinho dele, de 8 anos, que foram dama de honra e pajem, respectivamente, levando as alianças do casamento. A união foi comemorada com taças de acrílico, refrigerante, bolo e salgadinhos.
Também participaram um fotógrafo e um cinegrafista, contratados pelo casal. Após a cerimônia, Beira-Mar e Jacqueline tiveram a "lua-de-mel" nas duas horas destinadas para a visita íntima. Antes de retornar à carceragem, Beira-Mar teve que entregar sua aliança, que por ser um objeto de metal, não poderia entrar na cela.


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