São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Carlos dos Santos e o posto de gasolina

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A família diz que quem conheceu Carlos Roberto dos Santos quando mais jovem e o via nos últimos anos não o reconhecia -há sete anos ele deixou de beber, tido por todos como seu maior defeito, e "sua vida mudou da água para o vinho".
Nascido no Tatuapé, em São Paulo, ele passou lá uma infância simples de criança livre -gostava de brincar de bola na várzea, já sendo "fanático roxo" pelo Corinthians, com direito a camisas, bandeiras e pôsteres.
Casado, foi viver no Itaim Paulista. Era na sua casa simples que ele organizava grandes churrascos para a família e para os amigos, onde esbanjava piadas de uma fase feliz da vida. No último encontro, chegou a brincar com a situação financeira, dizendo que "no próximo Natal ninguém vai comer frango, mas coisa bem melhor".
"Todas as profissões ruins ele já teve", diz a família do frentista que já fora pedreiro e encanador -sempre acompanhando o mesmo patrão, Osvaldo, amigo de infância e dono do da empresa hidráulica e do posto de gasolina
E ele gostava do emprego no posto -nos últimos dias ele corria feliz por entre as bombas de combustível, dizendo: "minha moto vai chegar na segunda-feira!". Mas não chegou -enquanto trabalhava no posto, testemunhas dizem que o viram abrir o celular enquanto descarregava 15 mil litros de combustível de um caminhão.
A explosão o deixou com 76% do corpo queimado e ele permaneceu sedado no hospital até ontem -quando morreu, aos 45 anos. Deixou quatro filhos, um neto, uma esposa triste e um carnê de consórcio para pagar.


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