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Carlos dos Santos e o posto de gasolina
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A família diz que quem conheceu Carlos Roberto dos
Santos quando mais jovem e
o via nos últimos anos não o
reconhecia -há sete anos ele
deixou de beber, tido por todos como seu maior defeito,
e "sua vida mudou da água
para o vinho".
Nascido no Tatuapé, em
São Paulo, ele passou lá uma
infância simples de criança
livre -gostava de brincar de
bola na várzea, já sendo "fanático roxo" pelo Corinthians, com direito a camisas, bandeiras e pôsteres.
Casado, foi viver no Itaim
Paulista. Era na sua casa simples que ele organizava grandes churrascos para a família
e para os amigos, onde esbanjava piadas de uma fase
feliz da vida. No último encontro, chegou a brincar com
a situação financeira, dizendo que "no próximo Natal
ninguém vai comer frango,
mas coisa bem melhor".
"Todas as profissões ruins
ele já teve", diz a família do
frentista que já fora pedreiro
e encanador -sempre acompanhando o mesmo patrão,
Osvaldo, amigo de infância e
dono do da empresa hidráulica e do posto de gasolina
E ele gostava do emprego
no posto -nos últimos dias
ele corria feliz por entre as
bombas de combustível, dizendo: "minha moto vai chegar na segunda-feira!". Mas
não chegou -enquanto trabalhava no posto, testemunhas dizem que o viram abrir
o celular enquanto descarregava 15 mil litros de combustível de um caminhão.
A explosão o deixou com
76% do corpo queimado e ele
permaneceu sedado no hospital até ontem -quando
morreu, aos 45 anos. Deixou
quatro filhos, um neto, uma
esposa triste e um carnê de
consórcio para pagar.
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