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Em tempo de crise, Nordeste oferece opções de turismo
Para atender demanda interna, as companhias aéreas estão ampliando vôos para o NE; agências planejam mais fretamentos
Turistas podem escolher a preço mais baixo locais paradisíacos na região
ROBERTO DE OLIVEIRA
JULIANA CALDERARI
THEA SEVERINO
DA REVISTA
Todo fim de ano é assim.
Quando o calendário se aproxima dos minutos finais, bate
uma vontade danada de sumir
do mapa. Quem não gosta de
começar o Ano Novo com os
pés e a cabeça num lugar bacana? Aí vem a crise esfriar a festa, principalmente a de quem
tinha planos de cruzar o portão
de embarque internacional do
aeroporto de Cumbica.
Se não dá para brindar em
frente à torre Eiffel ou na Times Square, uma alternativa é
pular ondinhas no Brasil mesmo. Praias paradisíacas é o que
não faltam.
Para atender à demanda interna, as companhias aéreas estão ampliando a malha rumo ao
Nordeste. A Gol deve criar cerca de cinco linhas. A OceanAir,
pelo menos quatro.
Somente a CVC, maior operadora da América Latina, programa 146 fretamentos semanais para a próxima alta temporada (de dezembro a março);
90% deles para o Nordeste. No
verão passado, foram 126.
A Revista selecionou quatro
destinos com os ingredientes
típicos do Nordeste -praias
desertas, dunas e lagoas- que
prometem agradar aos mais diferentes tipos de viajante.
Boipeba
As ilhas Boipeba e Morro de
São Paulo, na Bahia, são vizinhas, mas distintas; a primeira
é para quem quer fugir do agito,
a segunda, para cair nele.
A foz do rio do Inferno, que
separa Boipeba da ilha de Tinharé, onde fica Morro de São
Paulo, parece anunciar, num
clima para lá de despojado, o
que virá pela frente. Ao desembarcar na Boca da Barra, percebe-se que quem busca sossego
encontrará ali. São cerca de 20
km de praias semidesertas. Nada de restaurantes sofisticados,
axé, "lounge music", luminosos, vitrines ou ambulantes
perturbando a calma ao ofertar
produtos insistentemente.
Agora, se o visitante não quer
isolamento em praias preservadas, então é melhor atravessar
para Morro de São Paulo.
"Point" de mochileiros nos
anos 70, o Morro cresceu. Tornou-se chique, ganhou pousadas bacanas e turistas de todas
as partes. Muitos deles. Mas,
acredite, se você quer animação, vai encontrar aos montes,
principalmente no centrinho e
nas primeiras praias.
Não se esqueça: em Morro
não há carros. O transporte é
feito com tratores, bicicletas,
cavalos e charretes. Mas gostoso mesmo é andar a pé.
Delta
Único na América a ter sua
foz em mar aberto, o Delta do
Parnaíba, que separa o Piauí do
Maranhão, é um imenso quebra-cabeça de lagoas de água
doce, dunas de areia branca,
florestas e manguezais.
Antes de desaguar no oceano,
o rio Parnaíba se divide em cinco braços diferentes. Durante
as quase oito horas de duração
do passeio, as embarcações tradicionais, com capacidade para
até 90 pessoas, têm que se locomover por ali lentamente, pois
há diversos bancos de areia pelo caminho.
O delta e suas margens reservam ainda uma opção para
aventureiros e amantes da natureza. Durante um safári noturno, também chamado de focagem, é possível observar um
ecossistema bastante particular. Navegando em voadeiras,
pequenas embarcações de madeira, os turistas seguram lanternas na esperança de encontrar jacarés, cobras, iguanas e
pássaros nas cerca de quatro
horas de duração do passeio.
Lençóis
Com o tamanho equivalente
ao da cidade de São Paulo, Lençóis Maranhenses é um festival
de dunas, lagoas, rios e simpáticos vilarejos. A região reúne
uma imensidão de lagoas.
Mas, acredite, aquilo é um
deserto. Pense no Saara. Só
acrescente 300 vezes mais de
chuva. Pronto. Está explicado
por que até mesmo na época da
seca, as lagoas estão lá, prontas
para você se jogar.
Nos Lençóis Maranhenses, a
sensação é a de miudeza, de ser
uma formiguinha no meio de
uma imensidão de areia.
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é dominado
por dunas que chegam a 40 metros e por uma seqüência de lagoas de água transparente, às
vezes azul, outras, esverdeadas,
formadas pelas chuvas.
O ponto de partida para conhecer o parque é a pequenina
e simpática Barreirinhas. É lá
que ficam as principais pousadas, restaurantes, lojas de cerâmica e saída dos passeios. Sem
contar, claro, os animados bailinhos de forró.
Costa Branca
Por fim, o quarto destino indicado é Costa Branca, no extremo do Rio Grande do Norte.
O nome é uma alusão às dunas
e montanhas de sal que predominam na paisagem, somadas
às praias desertas, de águas claras e mansas.
Esse pedacinho do litoral
nordestino permanece inexplorado. A melhor e mais divertida forma de chegar à região é
se aventurar pela praia a bordo
de um veículo 4x4. É necessário
tomar certos cuidados. Cabras
caminham sobre as dunas e jegues pastam à beira-mar.
Mas é nos arredores de Ponta
do Mel, cidade vizinha a Porto
do Mangue, que está um dos lugares mais fascinantes da região: as dunas do Rosado.
Móveis, as dunas imperam
sem nenhuma cobertura vegetal. Rosado fica apenas a 10 km
da praia, mas a sensação de
quem está lá é a de estar perdido no Saara.
O repórter ROBERTO DE OLIVEIRA viajou a
Costa Branca a convite da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e da Venturas & Aventuras; a repórter JULIANA CALDERARI e o repórter-fotógrafo JEFFERSON COPPOLA a viajaram ao Delta
do Parnaíba a convite da organização do Ecomotion
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