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Merenda de Kassab mantém má qualidade
Após quatro meses da assinatura de novos contratos, vistoria acha alimentos vencidos e mofados nos refeitórios de alunos
Fiscalização vê falhas em 22 das 25 escolas; em 3 foram encontrados pombos nos refeitórios; prefeitura diz que erros "são pontuais"
ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatórios de fiscalização da
merenda escolar de São Paulo
revelam que a presença de
pombos nos refeitórios onde os
alunos comem, excesso de
moscas, alimentos vencidos no
estoque e ovos mofados são
problemas que persistem na
rede municipal de ensino.
Falhas diversas, que vão da
falta de higiene nas cozinhas à
infraestrutura deficiente das
unidades, foram flagradas neste semestre, mesmo depois de a
gestão Gilberto Kassab (DEM)
assinar novos contratos de fornecimento da merenda.
As deficiências afetam inclusive empresas estreantes nesse
segmento na capital paulista.
A Folha acompanhou nos últimos quatro meses os balanços de vistorias realizadas pelo
CAE (Conselho de Alimentação Escolar) -órgão oficial de
fiscalização formado por pais,
servidores e professores. Entrevistou agentes, consultou
relatórios de visita e fotografias
sobre parte dos problemas.
Das 25 escolas fiscalizadas,
foram encontradas falhas em
22 -em metade delas, já a partir da vigência dos novos contratos com quatro empresas estreantes e com quatro que já
prestavam os serviços antes.
Os problemas mais emblemáticos foram identificados
em escolas atendidas pela Nuttriclass (nova, ligada ao grupo
Puras) e pela Terra Azul (que já
estava no contrato anterior).
A cargo da primeira, por
exemplo, os ovos embolorados
e a "grande quantidade de pães
vencidos" no CEU Parque São
Carlos. Ou então, na EMEF José Lins do Rego, as moscas que
dominam a cozinha sem telas
de proteção de janelas e de portas e a presença de embalagem
violada de peito de frango
-dentro, havia uma parte diferente da ave, condição considerada suspeita pelos agentes.
A fiscalização também verificou que algumas escolas atendidas não tinham a comprovação dos exames médicos das
merendeiras -exigência contratual para evitar a manipulação de alimentos por quem tem
alguns tipos de doença.
Granola
Em unidades atendidas pela
Terra Azul, além das falhas de
higiene (como fezes de pombo
no refeitório e "pano imundo e
mau cheiroso" em cima do fogão), dois problemas chamaram a atenção dos fiscais.
Na EMEI Laura F. de Leceur,
os membros do CAE constataram que havia uma única funcionária para fazer tudo -e
que, por isso, não dava conta.
Já na EMEI Enio Correia, as
reclamações das crianças sobre
a granola muito dura levou a
fiscalização a recolher uma
amostra. Resultado: a empresa
dava aos alunos uma marca de
cereal diferente da autorizada e
aprovada pela prefeitura.
Os relatórios do CAE apontam que, das 25 escolas, em 3 os
conselheiros flagraram a presença de pombos dentro do refeitório dos alunos -justamente no momento da vistoria.
Esse problema já havia sido
detectado em visitas realizadas
em meses anteriores pelo órgão
-sinalizando uma situação que
está longe de ser pontual.
A gestão Gilberto Kassab
afirma que os problemas identificados pela fiscalização não
são generalizados.
Embora admita os riscos, a
prefeitura afirma que as empresas só podem ser punidas
contratualmente se as aves estiverem na cozinha -e não no
refeitório, cujo controle deve
ficar a cargo dos próprios servidores. Ela diz orientar as escolas para evitar essa situação.
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