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Professores da USP criam graduação paga
Fundação dirigida por docentes ligados a curso público de administração vai cobrar R$ 2.200 mensais em nova turma
Sindicalista vê conflito ético; representante de entidade afirma que iniciativa fortalece universidade pública
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Criada por professores da
USP (Universidade de São
Paulo) para dar apoio à instituição, a FIA (Fundação Instituto de Administração) oferecerá a partir de 2011 um
curso particular de graduação em administração, com
mensalidade de R$ 2.200.
A novidade é criticada. Há
o temor de que haja prejuízo
ao curso público da USP,
pois a maioria dos dirigentes
e parte dos professores da
FIA são da FEA (Faculdade
de Economia e Administração), da universidade.
"Já há pouco comprometimento de alguns docentes
com a nossa graduação. Há
muitas faltas. Pode piorar,
porque alguns deles também
estão hoje na FIA", afirma
Maíra Madrid, diretora do
centro acadêmico da FEA.
O presidente do sindicato
dos docentes da universidade, João Zanetic, sustenta
que há um conflito de interesses na criação da faculdade privada.
"Por que os dirigentes da
FIA que criaram curso que
poderá ser até melhor do que
o da FEA não fizeram o mesmo pela USP? A FIA fez nome
em cima da USP. Agora ela
cria um curso concorrente.
Há um problema ético", afirma Zanetic.
EXPERIÊNCIA
O diretor acadêmico da
FIA, James Wright -que
também é docente da USP-
discorda das críticas. Para
ele, a relação entre as instituições é benéfica à USP.
Segundo Wright, a maioria
dos docentes mais bem avaliados da FEA nos processos
internos da USP atuam também na FIA. "Professores adquirem experiência em empresas e depois repassam aos
alunos." Ele diz que o próprio
curso da FIA ajudará o da
FEA. "O processo de gestão
poderá ser usado na USP."
POLÊMICA
A fundação foi criada em
1980 para agilizar pesquisas
e prestação de serviços feitas
por docentes da FEA. Possuía
até USP em seu nome. Depois, ganhou espaço com
cursos de pós-graduação e
extensão, todos pagos.
Parte dos recursos eram
-e ainda são- revertidos para a faculdade da USP.
Para o sindicato dos docentes, a fundação usava a
marca e a estrutura da USP
para atrair recursos. Depois
dessa polêmica, em meados
da década, a FIA decidiu retirar a USP do seu nome.
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
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