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Delegados e promotores estão jurados de morte, diz Porto
da Reportagem Local
O promotor Roberto Porto, um
dos que investiga a máfia da propina na prefeitura paulistana,
afirmou ontem que pelo menos
duas testemunhas que prestaram
depoimento à polícia revelaram
que "promotores e delegados estão jurados de morte pela vereadora (Maria Helena Fontes)".
Os depoimentos foram prestados no inquérito em que a vereadora Maria Helena está sendo investigada, segundo o promotor
do Ministério Público Estadual.
Porto disse que a testemunha
que acusa a parlamentar de ameaças foi fundamental para conseguir a prisão de Maria Helena.
Folha - A vereadora Maria Helena Fontes é acusada de cometer vários crimes, mas foi presa
por ter, supostamente, ameaçado testemunhas. Isso quer dizer
que não há provas dos demais
crimes dela?
Roberto Porto - O que é preciso
se distinguir são provas para efeito de denúncia e eventual condenação e provas para se pedir a prisão. Isso não pode ser confundido. São requisitos distintos.
Folha - Por que a prisão da vereadora foi pedida?
Porto - Para facilitar as investigações. Testemunhas vem aqui e,
quando saem, são espancadas e
ameaçadas. Temos também sete
testemunhas que deixaram de vir
à polícia por esse motivo. Isso gera requisitos para pedir a prisão.
Folha - As provas que havia
contra a vereadora, antes deste
novo caso, já não eram suficientes para pedir a prisão dela?
Porto - Isso é requisito da prisão
também, mas só isso não basta
para pedir a prisão. Você tem que
ter algo como ameaça e coação de
testemunhas. Algo que impeça o
bom andamento das investigações.
Folha - Sem o novo caso seria
possível pedir a prisão da vereadora Maria Helena?
Porto - Acho difícil porque ela é
uma pessoa que tem residência fixa, tem trabalho declarado.
Folha - O sr. acredita que a vereadora conseguirá uma habeas
corpus para deixar a cadeia?
Porto - A prisão foi muito fundamentada pelo juiz-corregedor
do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais). As provas são
fortes, principalmente em relação
à coação a testemunhas. E tem
outra coisa. Toda testemunha que
comparece a esse departamento
(o Dird) menciona que promotores e delegados estão jurados de
morte pela vereadora.
Folha - Por qual motivo não
foi pedida a prisão preventiva
(até o final do processo) de Maria Helena?
Porto - Se depender das investigações, ela não não deixa a prisão.
Folha - A prisão da vereadora
está relacionada com a acusação de extorsão que ela faz contra promotores e o delegado
Romeu Tuma?
Porto - Isso faz parte da personalidade dela. Ela já demonstrou
que é uma pessoa agressiva e que
costuma proferir esse tipo de
ameaça e de alegação.
Folha - Mas a vereadora tem
alegado inocência...
Porto - Esse é o direito que ela
tem. É esperado. Ela vai alegar
sempre a inocência, que vem sendo ameaçada por nós. Tenho certeza de que novas ameaças e denúncias contra nós vão surgir. Isso é típico do crime organizado.
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