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Governo aposta em campanhas e capacitação
DA REPORTAGEM LOCAL
A distribuição de um cartão em que a pessoa manifestará em vida seu desejo de
doar seus órgãos após a morte -mas ainda prevalecendo
a vontade da família- e a distribuição de DVDs explicativos ensinando o passo-a-passo da doação, captação e transplante de órgãos.
Os projetos, além de cursos para capacitação de equipes, são as apostas concretas
do Ministério da Saúde para
tentar reverter a queda no
número de doações de órgãos. No início de dezembro,
os planos chegaram a ser
bem mais ambiciosos.
O governo anunciou que
investiria mais R$ 2,4 milhões no sistema nacional de
transplantes, além da compra de dez helicópteros,
4.000 ambulâncias e dez ambulâncias para transportar
os órgãos aos municípios de
difícil acesso.
A proposta era aumentar o
número de cirurgias em 50%
até 2011. Com isso, a fila de
espera por córnea zeraria e a
espera por medula óssea e
órgãos sólidos (rim, coração,
pulmão, pâncreas e fígado)
se reduziria à metade.
O anúncio foi feito antes
da aprovação da extinção da
CPMF -que provocou perda
de R$ 40 bilhões no Orçamento da União- e até agora
ninguém sabe se os investimentos continuarão de pé.
"A gente espera que nada
mude", afirma o coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Abrahão Salomão Filho.
Para ele, uma das razões da
queda de doações foi a forma
como as comissões intra-hospitalares de captação foram criadas. A partir de
2005, o Ministério da Saúde
determinou que todos os
hospitais com mais de 80 leitos montassem essas comissões. Mas a lei não previa recursos e tampouco punição
para quem não cumprisse as
metas. Conclusão: a maioria
das comissões só existe no
papel e não tem um trabalho
ativo para identificação de
doadores.
"Não funcionou. Talvez
não tenham sido escolhidos
os hospitais corretos, as
equipes não tinham treinamento adequado, as campanhas não foram tão expressivas. O fato é que nossos índices chegaram a 5,4, um dos
piores do mundo. Precisamos voltar ao que éramos o
quanto antes", diz Salomão.
Segundo ele, o ministério
discute alternativas para a
falta de leitos nas UTIs e aumento da remuneração das
equipes. "O problema é
maior em relação ao transplante de medula óssea. O
valor pago está fazendo com
que equipes desistam de fazer a cirurgia."
(CC)
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