São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Governo aposta em campanhas e capacitação

DA REPORTAGEM LOCAL

A distribuição de um cartão em que a pessoa manifestará em vida seu desejo de doar seus órgãos após a morte -mas ainda prevalecendo a vontade da família- e a distribuição de DVDs explicativos ensinando o passo-a-passo da doação, captação e transplante de órgãos.
Os projetos, além de cursos para capacitação de equipes, são as apostas concretas do Ministério da Saúde para tentar reverter a queda no número de doações de órgãos. No início de dezembro, os planos chegaram a ser bem mais ambiciosos.
O governo anunciou que investiria mais R$ 2,4 milhões no sistema nacional de transplantes, além da compra de dez helicópteros, 4.000 ambulâncias e dez ambulâncias para transportar os órgãos aos municípios de difícil acesso.
A proposta era aumentar o número de cirurgias em 50% até 2011. Com isso, a fila de espera por córnea zeraria e a espera por medula óssea e órgãos sólidos (rim, coração, pulmão, pâncreas e fígado) se reduziria à metade.
O anúncio foi feito antes da aprovação da extinção da CPMF -que provocou perda de R$ 40 bilhões no Orçamento da União- e até agora ninguém sabe se os investimentos continuarão de pé. "A gente espera que nada mude", afirma o coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Abrahão Salomão Filho.
Para ele, uma das razões da queda de doações foi a forma como as comissões intra-hospitalares de captação foram criadas. A partir de 2005, o Ministério da Saúde determinou que todos os hospitais com mais de 80 leitos montassem essas comissões. Mas a lei não previa recursos e tampouco punição para quem não cumprisse as metas. Conclusão: a maioria das comissões só existe no papel e não tem um trabalho ativo para identificação de doadores.
"Não funcionou. Talvez não tenham sido escolhidos os hospitais corretos, as equipes não tinham treinamento adequado, as campanhas não foram tão expressivas. O fato é que nossos índices chegaram a 5,4, um dos piores do mundo. Precisamos voltar ao que éramos o quanto antes", diz Salomão.
Segundo ele, o ministério discute alternativas para a falta de leitos nas UTIs e aumento da remuneração das equipes. "O problema é maior em relação ao transplante de medula óssea. O valor pago está fazendo com que equipes desistam de fazer a cirurgia." (CC)


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