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Buracos deixam Régis Bittencourt em situação crítica
Rodovia que liga São Paulo ao Sul do país tem trechos sem contrato de conservação e com sinalização precária
Mais de 25 mil veículos
passam diariamente
pela estrada, que será
transferida pelo governo
federal à iniciativa privada
DA REPORTAGEM LOCAL
O motorista que tiver de utilizar a rodovia Régis Bittencourt neste final de ano e nas
férias escolares deve preparar
os estepes: ela está com trechos
em situação crítica, tomados
por buracos de até dois metros
de largura, por fissuras no asfalto que dão a sensação de que
a pista pode abrir a qualquer
momento, e sinalização precária, às vezes coberta pelo mato.
A estrada federal é a principal ligação da capital paulista
aos Estados do Sul do país -e
praticamente única, já que os
caminhos alternativos são muito mais distantes-, além de
também ser freqüentemente
utilizada como rota às praias do
litoral sul, como Peruíbe.
A Régis também figura na lista das estradas paulistas que tiveram mais mortes proporcionalmente à sua extensão nos
primeiros nove meses do ano.
Já chegou a ser batizada de "rodovia da morte". Um dos trechos críticos é entre Juquitiba e
Miracatu, nas curvas da serra
do Cafezal -que, desta vez, tem
ainda como ingrediente de risco uma sequência de buracos.
A condição precária ocorre
em meio à transição para repassá-la à iniciativa privada.
Ela foi uma das rodovias leiloadas neste ano pelo governo federal, mas a gestão Lula só prevê concluir os trâmites contratuais em fevereiro de 2008.
A Folha percorreu nas últimas semanas mais de mil quilômetros de rodovias estaduais
e federais, especialmente as
que saem da capital e as que
chegam no litoral paulista.
Em nenhuma delas a situação do pavimento se aproxima
da precariedade de diversos
trechos da Régis. A que mais
chegava perto era a SP-55, na
Padre Manoel da Nóbrega, no
trecho sob gerência do DER
(Departamento de Estradas de
Rodagem), da Praia Grande até
depois de Peruíbe.
O problema na Régis tende a
ser agravado especialmente
numa parte que está há mais de
dois meses sem nenhum contrato de conservação ou manutenção -do km 406,7 ao km
568,6, próximo do Paraná.
O Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes) diz ter iniciado licitação em outubro para contratar os serviços, mas sem previsão de conclusão breve.
Caminhões
A Régis Bittencourt costuma
ter mais de 25 mil veículos diariamente que saem de São Paulo em direção à região Sul, a
maioria dos quais caminhões.
Apesar de ter passado por recapeamento em alguns trechos
nos últimos anos, sua pista
sempre foi alvo de críticas.
A situação encontrada pela
Folha na semana passada e os
relatos de usuários, porém, indicam que, em diversos trechos, ela piorou e muito.
A situação é mais crítica, para
quem sai da capital paulista, a
partir de Juquitiba. E a pista
mais esburacada é a do sentido
Paraná-São Paulo.
"Faz 40 anos que eu passo
por aqui. Sempre teve buraco,
mas nunca vi desse jeito", afirmou na quarta-feira Vanio
Manquete, 65, caminhoneiro
que saiu do Rio Grande do Sul
em direção a São Paulo. Ele
consertava naquela tarde um
pneu estourado pelos buracos.
O caminhoneiro Gilberto
Gregura, 48, que teve dois
pneus estourados na última
quarta, explicava que, diante da
situação, está sendo obrigado a
usar a faixa da esquerda, ainda
que impedindo a passagem dos
carros. "A faixa da direita não
dá pra usar de jeito nenhum.
Nunca vi com tanto buraco."
O Dnit informou que estuda
a realização de uma contratação mais rápida no trecho sem
conservação da Régis Bittencourt. Em relação aos demais
trechos, disse que a empresa
responsável pelos serviços têm
mantido cinco equipes em operação tapa-buraco, "porém os
serviços ficaram prejudicados
em virtude das fortes chuvas".
O órgão afirmou que se reuniu com a empresa na última
semana para buscar solução.
(ALENCAR IZIDORO)
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