São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Buracos deixam Régis Bittencourt em situação crítica

Rodovia que liga São Paulo ao Sul do país tem trechos sem contrato de conservação e com sinalização precária

Mais de 25 mil veículos passam diariamente pela estrada, que será transferida pelo governo federal à iniciativa privada

DA REPORTAGEM LOCAL

O motorista que tiver de utilizar a rodovia Régis Bittencourt neste final de ano e nas férias escolares deve preparar os estepes: ela está com trechos em situação crítica, tomados por buracos de até dois metros de largura, por fissuras no asfalto que dão a sensação de que a pista pode abrir a qualquer momento, e sinalização precária, às vezes coberta pelo mato.
A estrada federal é a principal ligação da capital paulista aos Estados do Sul do país -e praticamente única, já que os caminhos alternativos são muito mais distantes-, além de também ser freqüentemente utilizada como rota às praias do litoral sul, como Peruíbe.
A Régis também figura na lista das estradas paulistas que tiveram mais mortes proporcionalmente à sua extensão nos primeiros nove meses do ano. Já chegou a ser batizada de "rodovia da morte". Um dos trechos críticos é entre Juquitiba e Miracatu, nas curvas da serra do Cafezal -que, desta vez, tem ainda como ingrediente de risco uma sequência de buracos.
A condição precária ocorre em meio à transição para repassá-la à iniciativa privada. Ela foi uma das rodovias leiloadas neste ano pelo governo federal, mas a gestão Lula só prevê concluir os trâmites contratuais em fevereiro de 2008.
A Folha percorreu nas últimas semanas mais de mil quilômetros de rodovias estaduais e federais, especialmente as que saem da capital e as que chegam no litoral paulista.
Em nenhuma delas a situação do pavimento se aproxima da precariedade de diversos trechos da Régis. A que mais chegava perto era a SP-55, na Padre Manoel da Nóbrega, no trecho sob gerência do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), da Praia Grande até depois de Peruíbe.
O problema na Régis tende a ser agravado especialmente numa parte que está há mais de dois meses sem nenhum contrato de conservação ou manutenção -do km 406,7 ao km 568,6, próximo do Paraná.
O Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) diz ter iniciado licitação em outubro para contratar os serviços, mas sem previsão de conclusão breve.

Caminhões
A Régis Bittencourt costuma ter mais de 25 mil veículos diariamente que saem de São Paulo em direção à região Sul, a maioria dos quais caminhões.
Apesar de ter passado por recapeamento em alguns trechos nos últimos anos, sua pista sempre foi alvo de críticas.
A situação encontrada pela Folha na semana passada e os relatos de usuários, porém, indicam que, em diversos trechos, ela piorou e muito.
A situação é mais crítica, para quem sai da capital paulista, a partir de Juquitiba. E a pista mais esburacada é a do sentido Paraná-São Paulo.
"Faz 40 anos que eu passo por aqui. Sempre teve buraco, mas nunca vi desse jeito", afirmou na quarta-feira Vanio Manquete, 65, caminhoneiro que saiu do Rio Grande do Sul em direção a São Paulo. Ele consertava naquela tarde um pneu estourado pelos buracos.
O caminhoneiro Gilberto Gregura, 48, que teve dois pneus estourados na última quarta, explicava que, diante da situação, está sendo obrigado a usar a faixa da esquerda, ainda que impedindo a passagem dos carros. "A faixa da direita não dá pra usar de jeito nenhum. Nunca vi com tanto buraco."
O Dnit informou que estuda a realização de uma contratação mais rápida no trecho sem conservação da Régis Bittencourt. Em relação aos demais trechos, disse que a empresa responsável pelos serviços têm mantido cinco equipes em operação tapa-buraco, "porém os serviços ficaram prejudicados em virtude das fortes chuvas".
O órgão afirmou que se reuniu com a empresa na última semana para buscar solução. (ALENCAR IZIDORO)


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