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TRANSPLANTE
Caso da candidata a cirurgia foi tratado em e-mails enviados pelo coordenador-geral do sistema nacional
Paciente teve exame acelerado, diz ex-diretor
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-diretor do Cemo (Centro
de Transplante de Medula Óssea)
do Inca (Instituto Nacional de
Câncer), Daniel Tabak, afirmou
ontem que uma paciente de São
Paulo teve a realização de seus
exames acelerada por pressão do
coordenador-geral do SNT (Sistema Nacional de Transplantes),
Diogo Mendes.
Segundo Tabak, que centralizava no Cemo as consultas aos bancos internacionais de doadores de
medula óssea, essa paciente fez,
em menos de um mês, exames
que outros da lista com mesmo
grau de gravidade e inscritos antes no sistema não haviam feito.
Tabak apresentou como prova
quatro e-mails de Mendes em que
o coordenador do SNT determina
que o Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea), vinculado ao Inca, prossiga "imediatamente" com a busca internacional de doadores para a paciente.
"Como explicar que essa paciente, inscrita em 10 de novembro de 2003, teve os exames todos
finalizados em 3 de dezembro de
2003, quando foram solicitados os
testes confirmatórios?", indaga.
A ordem de prioridade na lista
de exames para busca de um doador e de transplantes é definida
por um processo complexo e que
depende, principalmente, da avaliação de médicos do Centro de
Transplante de Medula Óssea do
Inca ou dos pacientes.
Um paciente inscrito recentemente pode ter todos os exames
realizados antes de outro que espera há mais tempo se o seu caso
for de maior gravidade ou se, na
avaliação dos médicos e do Cemo,
houver mais sucesso na tentativa
de encontrar doadores.
Diferentemente do que ocorre
com a doação de outros órgãos, o
processo de busca de um doador
de medula óssea é bem mais complexo e caro. Isso porque é preciso
fazer exames sofisticados e buscas
internacionais para achar doadores compatíveis com o receptor.
Esses exames custam caro ou
exigem do Inca uma infra-estrutura que o instituto não tem para
realizar todos os pedidos ao mesmo tempo. É por essa razão que
há uma fila para exames que permitem que a busca por um doador seja feita em bancos de dados
de vários países.
Por depender de avaliações subjetivas de médicos em que são
analisados diversos fatores, é difícil comprovar casos em que alguém tenha passado injustamente na frente de outros pacientes.
O principal argumento de Tabak nesse caso, no entanto, é que
esse caso específico foi agilizado
não por causa de uma avaliação
médica, mas por causa de uma
determinação de um alto funcionário do Ministério da Saúde.
Outro lado
Em nota anteontem, o ministério informou que a paciente em
questão "aguarda na fila a busca e,
portanto, ainda não houve o
transplante".
A reportagem da Folha tem tentado falar com Diogo Mendes
desde a última quarta-feira, mas a
assessoria de imprensa do ministério afirma que ele está em férias,
no exterior.
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