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FEBEM
Jovem de 18 anos levou tiro na perna em tiroteio ocorrido durante tentativa de fuga anteontem e não resistiu ao ferimento
Morre o 2º interno baleado em unidade
GILMAR PENTEADO
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais um interno da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) morreu em decorrência de um tiroteio ocorrido na
madrugada de anteontem, na
unidade 3 do complexo Vila Maria, na zona norte de São Paulo.
O jovem de 18 anos não resistiu
ao ferimento a bala na perna e
morreu anteontem à noite. O outro adolescente, de 17 anos, já havia chegado morto ao hospital.
A própria fundação reconheceu
ontem que não chamou ambulância para atender os cinco jovens feridos -três a bala-, que
foram levados para o hospital em
um veículo da unidade.
Os tiros foram disparados durante uma tentativa de fuga, mas a
Polícia Civil ainda não sabe se os
autores foram policiais militares
ou funcionários da unidade.
A possibilidade de os feridos serem resultado de uma briga entre
os internos está praticamente descartada pela polícia. Até agora
não há indícios de confronto.
Projéteis
Exames feitos no primeiro adolescente morto mostraram que ele
foi atingido por projéteis pouco
convencionais. A polícia foi informada que peritos do IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo
encontraram quatro balins (grãos
de chumbo) no corpo do interno.
Esses projéteis não são usados nos
revólveres .38 e pistolas utilizadas
pela Polícia Militar.
Um das suspeitas é que os balins
sejam de armas antigas ou artesanais, o que afastaria a suspeita sobre os PMs. A possibilidade de os
tiros serem de uma espingarda
calibre 12, usada pela PM, é considerada pouco provável já que os
ferimentos desse tipo de arma
costumam apresentar um número maior de grãos de chumbo.
Segundo a delegada plantonista
Denise Prado, do 81º DP (Belém),
que comanda a investigação, só
um exame do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo esclarecerá a suspeita.
Os policiais militares negam ter
feito os disparos. Os funcionários
afirmaram que não perceberam
tiros na confusão. "Ninguém sabe
nada, ninguém viu nada", afirmou a delegada.
De acordo com ela, 25 PMs e
agentes da Febem foram ouvidos
até ontem. Foram realizados,
também segundo a delegada, exames residuográficos para tentar
encontrar vestígios de pólvora em
52 pessoas. O resultado deve sair
na próxima semana.
A polícia ainda tenta saber o local da unidade onde os adolescentes foram atingidos. "Havia sangue no portão de entrada, nos
fundos da unidade e na própria
ala", disse Prado. Segundo ela, as
várias manchas de sangue podem
significar que, mesmo feridos, os
adolescentes continuaram andando pela unidade.
Conselheiros tutelares que visitaram ontem a unidade da Febem
disseram que os internos responsabilizaram os PMs pelos disparos. "Segundo eles, o tiros partiram dos policiais, não dos agentes", disse Silvia Carnevalli, conselheira tutelar da Mooca.
Os adolescentes feridos não falaram com os policiais que estiveram no hospital. Os 31 internos
que teriam participado do tumulto devem ser ouvidos no começo
da semana que vem no 81º DP.
Segundo Silvia Carnevalli, conselheiros tutelares e entidades do
menor e de direitos humanos se
reúnem na segunda-feira para
discutir o incidente.
Para o coordenador da comissão municipal dos direitos humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Hédio Silva
Júnior, "houve, no mínimo negligência da Febem".
Segundo ele, independentemente de serem os PMs ou os
agentes os autores dos disparos, o
Estado tem de ser responsabilizado pelo episódio. "Vamos acompanhar as investigações e orientar
as famílias", disse.
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