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Polícia liga ONG a seqüestro de repórter
Três integrantes da ONG Nova Ordem foram presos acusados de ter dado apoio logístico ao crime contra profissionais da TV Globo
Polícia também prendeu a advogada Iracema Vasciaveo, que negociou com os chefes do PCC o fim dos ataques no ano passado
Eduardo Knapp - 12.jul.06/Folha Imagem
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Ivan Raymondi Barbosa, ex-policial e presidente da ONG |
ANDRÉ CARAMANTE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia prendeu ontem três
pessoas sob a acusação de participação no seqüestro do jornalista Guilherme de Azevedo
Portanova, 30, e do auxiliar-técnico Alexandre Coelho Calado, 27, ambos da TV Globo,
entre 12 e 14 de agosto de 2006.
Todos os presos têm ligação
direta com a ONG Nova Ordem, que atua em parte dos 144
presídios paulistas.
Foram presos o ex-policial e
ex-presidiário Ivan Raymondi
Barbosa, presidente da ONG,
Simone Barbaresco, funcionária da entidade e mulher de um
detento ligado ao PCC, e Anderson Luís de Jesus. Eles são
acusados de ter dado apoio logístico para o seqüestro, repassando informações e ordens recebidas de dentro das prisões
onde a facção atua.
A advogada Iracema Vasciaveo, diretora jurídica da Nova
Ordem, também é investigada
pelo seqüestro, mas acabou
presa em flagrante, ontem, por
porte ilegal de arma. De acordo
com a polícia, ela portava um
revólver sem documentação e
com registro de furto.
Apontada pela polícia como a
verdadeira diretora-executiva
da ONG, Iracema também será
acusada pelo crime de estelionato. Uma parte da investigação está voltada para descobrir
se a advogada ajudava o PCC a
utilizar contas bancárias, em
nomes de laranjas, para lavar
dinheiro da facção.
Negociadora do governo
A advogada é a mesma que,
em 14 de maio de 2006, terceiro
dia da primeira onda de ataques do PCC contra o Estado,
foi autorizada pelo então governador Cláudio Lembo
(PFL) a embarcar num avião da
PM e pedir o fim dos ataques
para os chefes do PCC, presos
no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de SP).
Na aeronave da polícia, voaram para negociar com os líderes do PCC, além de Iracema, o
delegado José Luiz Cavalcante
e o corregedor da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), Antonio Ruiz Lopes.
Ao falar ontem sobre a prisão
dos quatro integrantes da ONG,
o delegado Rui Ferraz Fontes
disse que não iria apresentar as
provas reunidas contra os acusados para "não atrapalhar o
andamento das investigações".
Outros dois homens também
são procurados pela polícia,
que baseou em escutas telefônicas a investigação que levou
aos acusados presos.
A ONG foi criada em 2005
sob a justificativa de desenvolver atividades de recuperação
dos presos. É investigada pelo
Ministério Público desde julho
de 2006 sob a suspeita de ligação com a facção criminosa.
O vídeo da facção
Portanova e Calado foram seqüestrados em agosto de 2006
para que um vídeo com um comunicado do PCC fosse exibido
pela emissora.
O CD com a gravação chegou
à TV Globo pelas mãos de Calado, que foi libertado por volta
das 22h30 do dia 12 de agosto, a
menos de um quilômetro da sede da emissora, na zona sul de
São Paulo.
A TV Globo atendeu às exigências da facção criminosa,
exibiu o vídeo no início da madrugada do dia 13, e, na madrugada seguinte, Portanova também foi libertado do cativeiro.
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