|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preso ex-chefe de grupo de elite da PM do RJ
Suspeito de comandar esquema de extorsão a traficantes, Fragoso comandava, até a semana passada, o Grupamento Especial Tático Móvel
Policial há 20 anos,
ele recebeu a medalha Tiradentes, a maior condecoração da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O major Carlos Alberto Cardoso Fragoso, até semana passada comandante do Grupamento Especial Tático Móvel,
unidade de elite da Polícia Militar do Rio, foi preso ontem acusado de comandar um esquema
de extorsão a traficantes da favela do Muquiço (zona norte).
Policial há 20 anos, ele foi
agraciado com a medalha Tiradentes, maior condecoração da
Assembléia Legislativa do Rio.
Ele foi preso em uma operação da Corregedoria da Polícia
Militar com a Polícia Federal.
A prisão faz parte da Operação Tingüi, da PF, responsável
pela detenção de 76 PMs em
dezembro de 2006. Foi a maior
captura coletiva de policiais da
história da corporação, sob a
acusação de haver esquema de
extorsão, apoio e negociação
com traficantes. Ontem, também foram presos três PMs do
9º Batalhão, sob a mesma acusação contra o major.
Segundo a PF, Fragoso foi
apontado por um subordinado
já preso e apareceu em gravações telefônicas como o chefe
do esquema de proteção a criminosos do Muquiço. Numa
gravação, um policial diz a um
traficante que "metade da merenda é do major", referindo-se
a uma propina.
Ele foi afastado na semana
passada do comando do Getam,
por motivos administrativos,
de acordo com a PM. O Getam,
do qual o major havia sido também subcomandante, já tinha
dez policiais presos pela Operação Tingüi, acusados de integrar quadrilha com esse fim.
A mulher do oficial, Kelaine,
estava ao seu lado no momento
da prisão, no quartel. "Ele não
negocia com bandido, não é
bandido. Pode perguntar a
qualquer oficial na PM, até ao
comandante. Não há indenização que pague meu marido ser
humilhado na frente da tropa
por algo que não fez", disse à
Folha, chorando ao telefone.
Após ser detido, o major foi
levado, sem algemas, para prestar depoimento na sede da PF
no Rio. Ele seria mantido preso
no Grupamento Especial de
Policiamento de Estádios.
O ex-comandante do Getam
recebeu em maio de 2006 a medalha Tiradentes. Semana passada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também recebeu a honraria. O deputado Ely
Patrício (PSDC) justificou o
gesto dizendo que Fragoso é
uma "pessoa proba, portadora
de um caráter exemplar e possuidora de preciosas virtudes".
Ao ser informado da prisão,
ontem, o deputado disse ter conhecido o oficial por meio de
um sargento que trabalha com
ele e o indicou para receber a
medalha. Disse estar "surpreso" e considera até retirar a homenagem feita. "Não seria contra [retirar], não."
Não é a primeira vez que o
Getam, grupamento de elite da
PM criado em 99, tem oficiais
envolvidos em denúncias de
corrupção em favelas.
Em 2003, o tenente-coronel
José Carlos Dias de Azevedo
-então comandante regional
do Getam- foi condenado a
três anos de prisão, com o major Fábio Gutman e o capitão
Wellington Medeiros -pena de
quatro anos- por extorsão.
Eles teriam pedido R$ 120 mil a
criminosos da Cidade de Deus
para evitar reprimir o tráfico.
Segundo a página da PM na
internet, o Getam -unidade
operacional de elite- foi criado
em 1999, com o fim de "isolar e
extinguir as manchas criminais", com "ações táticas, em
áreas onde tenha comprovado
aumento de determinado delito, e atuação coordenada e qualificada de um grupo de PMs especialmente treinados".
Como unidade de elite, é diretamente subordinado ao Comando de Policiamento da Capital (CPC), desde 2002, como
um batalhão de área.
Texto Anterior: Ronaldo Esper: Estilista atribui furto a medicamento Próximo Texto: "Meu marido é honesto e não leva R$ 1 de ninguém", afirma mulher de major Índice
|