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PM é suspeito de usar de propósito munição real em simulação em MT
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Justiça aceitou a denúncia
do Ministério Público de Mato
Grosso contra o soldado Cleber
dos Santos, da Polícia Militar,
apontado como o autor dos disparos que mataram um estudante de 13 anos e feriram outras nove pessoas durante uma
operação que simulava um seqüestro a um ônibus em Rondonópolis (220 km de Cuiabá),
em abril do ano passado.
Segundo a denúncia dos promotores, o policial, insatisfeito
por ter sido designado para a
tarefa, trocou intencionalmente a munição de festim que seria usada por cartuchos verdadeiros: "Movido pela insatisfação contra a determinação para
participar de apresentações como a que iria acontecer naquele
dia, [Santos] intencionalmente
trocou as munições antimotim
da arma que levava consigo por
munições reais". A acusação é
de homicídio doloso, duplamente qualificado.
O objetivo da PM era simular
a libertação de reféns em um
ônibus. A encenação seria o
ponto alto de um mutirão comunitário na periferia. Antes
de deixar o quartel, segundo o
Ministério Público, Santos verificou sua arma e, diante de
dois outros policiais, carregou a
munição de festim.
Centenas de pessoas, a maioria crianças, se aglomeravam
em torno do ônibus. Em meio a
dezenas de disparos de festim,
cinco tiros foram reais. Um deles atingiu a cabeça do estudante Luiz Henrique Dias Bulhões,
13, que morreu na hora. Outras
nove pessoas caíram feridos.
Em dezembro, um laudo técnico concluiu que o disparo que
matou o estudante partiu da escopeta calibre 12 de Souza.
Provas
O relatório do Inquérito Policial Militar concluiu, em agosto, que um comandante, um tenente e um capitão da PM de
Rondonópolis também deveriam ser indiciados no caso.
De acordo com a investigação, o então comandante da regional Sul da PM, tenente-coronel Wilquerson Sandes, não
tomou medidas previstas no
Código de Processo Penal Militar para a preservação do local e
de eventuais provas do crime.
Segundo o inquérito, o tenente Gyancarlos Cabelho determinou a retirada do ônibus
do local, quando ainda havia
provas a recolher, e o capitão
Hender Ulisses levou-o até o
pátio do 5º Batalhão.
Eles não foram denunciados
pelo Ministério Público. Respondem apenas a processos na
Justiça Militar. Os três não foram localizados ontem.
A Folha também não conseguiu falar com o soldado Cleber
dos Santos. A reportagem tentou contato com a assessoria da
PM à noite, mas não conseguiu
falar com ninguém.
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