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Carnaval de Pernambuco terá "kit sexo" gratuito
Prefeitura de Recife vai distribuir "pílula do dia seguinte"
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A Prefeitura de Recife (PE)
irá distribuir gratuitamente
durante o Carnaval deste ano o
anticoncepcional de emergência conhecido como "pílula do
dia seguinte".
O projeto prevê a entrega
gratuita da pílula em dois postos de saúde móveis que funcionarão apenas durante as noites
e as madrugadas da festa.
Para ter acesso ao medicamento, as mulheres terão que
declarar apenas ao médico de
plantão que mantiveram relação sexual sem proteção, que os
métodos tradicionais de prevenção falharam ou que foram
vítimas de violência sexual.
Após avaliação médica, a "pílula do dia seguinte" será entregue em um kit, que contará ainda com um preservativo masculino, um feminino e um folheto com informações sobre o
uso do produto e um alerta de
que o método não previne
doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.
A pílula, usada para evitar a
gravidez, tem de ser administrada até 72 horas após a relação. O índice de falha aumenta
com o tempo decorrido.
"O que faremos é garantir os
direitos sexuais e reprodutivos
das mulheres também no período carnavalesco", diz a gerente de Atenção à Saúde da
Mulher da Secretaria da Saúde
de Recife, Benita Spinelli.
Segundo ela, desde 2003 o
contraceptivo de emergência
está disponível na rede pública.
Spinelli diz que não há estimativa de quantos kits deverão
ser distribuídos durante a folia.
"Para nós, não importa a quantidade. Não queremos fazer fila
para a entrega."
A Secretaria da Saúde complementará o projeto com um
programa que prevê a distribuição nas ruas de 1,04 milhão de
preservativos masculinos a
partir da segunda, durante os
eventos pré-carnavalescos. Em
Paulista (a 50 km de Recife), a
prefeitura também distribuirá
a "pílula do dia seguinte".
"Desserviço"
Para a Igreja Católica, a medida é um "desserviço". A Arquidiocese de Olinda e Recife
diz que pode entrar na Justiça,
caso a prefeitura não recue.
"A posição da Igreja é clara:
ela é contra, porque trata-se de
um método abortivo", afirma o
coordenador da pastoral da
saúde da arquidiocese, Vandson Holanda. "Além disso, a
distribuição do medicamento
estimula a cultura desenfreada
do sexo e da violência."
O CRM (Conselho Regional
de Medicina) de Pernambuco
diz que solicitará mais dados
sobre o projeto e que acompanhará a distribuição do medicamento durante o Carnaval.
"Trata-se de um assunto que
gera polêmica, mas não adianta
fechar os olhos", diz a dirigente
da instituição, Nair Cristina
Nogueira de Almeida. "O que
não pode é haver distribuição
maciça, sem um rígido controle
de saúde. A ação não pode ser
arbitrária nem aleatória."
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