São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2001

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O PODER DO CRIME

Além do primeiro escalão da organização que já está no presídio, outros 40 presos de alta periculosidade foram removidos ontem à noite

Governo de SP decide isolar PCC em Taubaté

KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

A Secretaria da Administração Penitenciária decidiu transferir o núcleo de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru, para a Casa de Custódia de Taubaté (SP).
A unidade, considerada de segurança máxima, iria receber ontem à noite os primeiros 40 detentos, todos considerados de alta periculosidade e líderes do comando. O presídio é considerado de segurança máxima.
A Casa de Custódia de Taubaté ainda passa por reformas, que foram aceleradas nesta semana, por determinação do governador interino Geraldo Alckmin (PSDB).
O Anexo da Casa de Custódia, que abriga os criminosos perigosos, tem 164 celas, mas apenas 20 estão em condições de uso.
Nelas, estão o assaltante de bancos Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, apontado como o principal líder do PCC, e Jonas Mateus, também da liderança da facção. Ambos comandaram o motim que destruiu a unidade em dezembro passado.
O Estado já havia começado a concentrar líderes do PCC em Taubaté na segunda-feira, quando alguns membros do segundo escalão da organização, como Edemir Armando Alfenas, o Feirante, Alcides Sérgio Delassari, o Blindado, e Marcos Massari, o Tau, já haviam sido removidos para o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária), o Anexo.
Além de Sombra e Mateus, os 40 que seriam transferidos ainda ontem vão se juntar a Orlando Motta Júnior, o Macarrão, Edmir Volleti e Flávio Aparecido da Silva, o Moreno, considerados "secretários" do PCC e também participantes ativos da rebelião de dezembro.
Com os 40 presos de ontem a secretaria retornou para o Anexo em Taubaté todos os integrantes do PCC que provocaram aquela rebelião, que deixou um saldo de nove mortos, três deles decapitados por Mateus, segundo agentes penitenciários.
Com essa medida, a secretaria anula uma das principais exigências do PCC e contraria o acordo que teria sido realizado em dezembro com a facção criminosa. Segundo líderes do PCC, o acordo previa que, depois da rebelião em Taubaté, nenhum dos detentos responsáveis pelo motim retornariam para a unidade.
Segundo a secretaria, as transferências estão sendo realizadas em sistema emergencial e foram motivadas pelas condições em que estão as unidades que passaram pela megarrebelião.
As celas da Penitenciária do Estado, onde estavam os integrantes do comando, não apresentam condições de segurança para a permanência dos presos do PCC.
Os cadeados e as portas das celas foram destruídas, e a única solução viável seria a remoção para a Custódia, a única unidade que apresentaria condições de segurança para abrigar os detentos.


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