|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De luto, Pavilhão desfila em silêncio
DO "AGORA"
O que era para ser o desfile do
bloco Pavilhão 9 tornou-se o funeral do carnavalesco Ruy Luciano Nogueira, 25. Os quatrocentos
integrantes da agremiação percorreram o Sambódromo rezando o Pai Nosso com a marcação
de um surdo em ritmo fúnebre.
O carro alegórico do bloco, carregado de esculturas mutiladas,
seguiu vazio durante o percurso.
Em vez dos destaques, que seguiram a pé, o carro levava uma bandeira de plástico preto com o nome Ruy em letras douradas.
Partiu do carnavalesco, estudante de artes visuais, a idéia de
homenagear o santo guerreiro,
nas figuras de São Jorge e Ogum.
Ele cuidou pessoalmente da produção das esculturas -a maior
parte delas destruídas.
Jogados num canto, ficaram um
símbolo rachado do Corinthians
e pedaços dos cavalos de São Jorge, além de poças de sangue misturadas a bolinhas de isopor.
O carro alegórico desfilou assim, com cavalos sem patas e um
dragão que só tinha a cabeça -o
corpo foi usado pela Polícia Militar como suporte para o cordão
de isolamento colocado na cena
do crime.
O samba só foi executado na
parte inicial do desfile. Na avenida, os sambistas se deram as mãos
e rezaram. A partir de certo ponto, seguiram em silêncio, com a
ala dos guerreiros batendo levemente suas lanças no chão e o surdo dando o tom fúnebre. Até os
seguranças do Anhembi se emocionaram.
Texto Anterior: Carnaval: Três morrem em confrontos de torcidas Próximo Texto: Barradas em estádios, torcidas fundaram blocos Índice
|