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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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De luto, Pavilhão desfila em silêncio

DO "AGORA"

O que era para ser o desfile do bloco Pavilhão 9 tornou-se o funeral do carnavalesco Ruy Luciano Nogueira, 25. Os quatrocentos integrantes da agremiação percorreram o Sambódromo rezando o Pai Nosso com a marcação de um surdo em ritmo fúnebre.
O carro alegórico do bloco, carregado de esculturas mutiladas, seguiu vazio durante o percurso. Em vez dos destaques, que seguiram a pé, o carro levava uma bandeira de plástico preto com o nome Ruy em letras douradas.
Partiu do carnavalesco, estudante de artes visuais, a idéia de homenagear o santo guerreiro, nas figuras de São Jorge e Ogum. Ele cuidou pessoalmente da produção das esculturas -a maior parte delas destruídas.
Jogados num canto, ficaram um símbolo rachado do Corinthians e pedaços dos cavalos de São Jorge, além de poças de sangue misturadas a bolinhas de isopor.
O carro alegórico desfilou assim, com cavalos sem patas e um dragão que só tinha a cabeça -o corpo foi usado pela Polícia Militar como suporte para o cordão de isolamento colocado na cena do crime.
O samba só foi executado na parte inicial do desfile. Na avenida, os sambistas se deram as mãos e rezaram. A partir de certo ponto, seguiram em silêncio, com a ala dos guerreiros batendo levemente suas lanças no chão e o surdo dando o tom fúnebre. Até os seguranças do Anhembi se emocionaram.

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