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Morador torturado teme Polícia Civil
RENATA VICTAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de ter sido torturado por
policiais militares do 1º Batalhão
na semana passada, o morador do
morro da Coroa (zona central do
Rio) Nelis Nelson dos Santos, 31,
teme agora a ação da Polícia Civil.
Santos contou a familiares que
foi intimidado na quinta-feira por
policiais civis no hospital Miguel
Couto, onde está internado.
De acordo com parentes, que
não querem ser identificados, alguns inspetores interrogaram
Santos e ainda tiraram fotos.
Na segunda-feira passada, Santos, desempregado e viciado em
drogas, recebeu choques elétricos
e foi agredido por PMs que queriam saber quais traficantes estariam dominando o morro.
O subsecretário de Direitos Humanos do Estado, Paulo Baía,
confirma a ação dos policiais civis, mas nega que o objetivo tenha
sido intimidar Santos. Segundo
Baía, como a família não registrou
o caso na delegacia, foi preciso
que os policiais fossem até o hospital para fotografar Santos e ouvir seu depoimento.
As fotos serão anexadas aos três
inquéritos abertos pelo Estado
-na 6ª Delegacia de Polícia, na
Cidade Nova (zona central), no 1º
BPM e um terceiro na Corregedoria Geral Unificada da Secretaria
de Direitos Humanos.
"O Nelis está com muito medo
da polícia e ficou assustado com
as fotos tiradas pelos policiais civis, mas isso faz parte da rotina.
Precisávamos das fotos para anexá-las aos inquéritos juntamente
com a ficha médica que o hospital
já nos forneceu", disse Baía.
Ele diz que há dois agentes do
grupo de elite da Polícia Civil ao
lado da cama de Nelis, oito policiais descaracterizados no andar
onde ele está internado e ainda
outros dois na porta do hospital.
"O Nelis está sob proteção absoluta e não precisa temer nada. Vamos fazer todo o possível para
apurar a verdade", disse. Os 11 policiais suspeitos de torturar Santos
estão presos.
Rocinha
Foram enterrados na tarde de
ontem os três moradores da Rocinha mortos por policiais do Bope
(Batalhão de Operações Especiais) na madrugada de domingo.
Com cartazes pedindo paz, cerca
de 200 pessoas interromperam o
trânsito em frente ao cemitério
São João Batista (zona sul).
A manifestação durou cinco minutos e foi contida por homens da
PM. O presidente da Associação
de Moradores da Rocinha, William de Oliveira, pretende ir a
Brasília ainda nesta semana pedir
ao ministro da Justiça Márcio,
Thomaz Bastos, que exija a apuração das mortes e puna os policiais.
Segundo ele, o morador Marcelo Rodrigues da Silva, 16, que também foi atingido pelos policiais,
tem condições de reconhecê-los.
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