ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

A vedação das janelas para garantir o isolamento térmico do ar-condicionado dificultou a saída dos passageiros no acidente de ônibus que matou 42 pessoas em Barro (480 km de Fortaleza).
A polícia ainda investiga o que ocorreu e um laudo oficial deve ser divulgado dentro de dez dias.
A perícia mostrou que muitos tentaram fugir pela única porta do ônibus, na parte dianteira, o que fez com que o veículo afundasse mais no açude em que caiu na madrugada de sábado.
De acordo com o diretor técnico-científico da Secretaria da Segurança Pública do Ceará, Francisco José Ferreira Simão, uma "bolsa de ar" formou-se na parte superior do veículo, enquanto o ônibus enchia de água. "Os passageiros iam passando uns sobre os outros para conseguir respirar."
As vítimas começaram a ser enterradas ontem. Apenas três dos 42 corpos de passageiros resgatados no acidente não tinham sido identificados ainda.
A maioria das vítimas, 26, era de Fortaleza. Alguns corpos foram enterrados ontem nos cemitérios Bom Jardim, Parque da Paz, João Batista e Parque da Saudade, na capital cearense. Os demais, seriam transportados para as suas cidades de origem.
"É uma dor que só quem está sentindo sabe", disse Lúcia Maria Dantas da Silva, mãe do passageiro Cláudio Dantas da Silva, em entrevista à Rede Globo.

Número de mortes
O IML (Instituto Médico Legal) do Ceará chegou a anunciar a morte de 43 passageiros ontem, mas Simão disse, em seguida, que se tratava de uma vítima de outro afogamento ocorrido recentemente na mesma região.
A assessoria de imprensa da empresa de ônibus Itapemirim, que operava o veículo, divulgou nova nota oficial ontem ratificando as 42 mortes anunciadas anteriormente. Nela, atribuiu as divergências de números à dupla contagem de um passageiro da Nova Zelândia pelo IML.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Fortaleza, o veículo caiu no açude Cipó, por volta das 4h de sábado, após despencar de uma ribanceira às margens do km 5 da rodovia BR-116.
O ônibus havia saído na noite anterior de Fortaleza, com 39 passageiros, e seguia para Salvador. Os outros passageiros embarcaram ao longo do trajeto.
O resgate dos corpos das vítimas pelos bombeiros, policiais rodoviários, civis e militares demorou 31 horas.


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