São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

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PERIGO NOS TRILHOS

Artefato caseiro foi encontrado perto de prisão, depois de tiroteio entre policiais e suspeitos

Bomba pára trens de São Paulo por 4 horas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma bomba artesanal de pequeno poder destrutivo, encontrada antes de ter sido detonada, provocou ontem a paralisação por quatro horas de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na zona oeste de São Paulo e colocou a polícia em alerta. Cerca de 30 mil passageiros foram prejudicados.
O artefato estava a 5 metros dos trilhos do trem e a 800 metros dos fundos do Cadeião 3 de Pinheiros. A polícia suspeita de uma tentativa de resgate de presos, mas não descarta a possibilidade de um atentado de uma facção criminosa. No artefato, estava pichada a sigla PCC (Primeiro Comando da Capital).
A bomba foi descoberta pela polícia, que recebeu a informação de que uma quadrilha planejava resgatar presos no cadeião. Ao chegar ao local, às 3h de ontem, houve tiroteio e os criminosos abandonaram a bomba.
Os suspeitos tiveram acesso à área dos trens por meio de um buraco em um muro lateral. Ninguém foi preso. A bomba só foi encontrada pela manhã.
A circulação de trens foi interrompida às 9h45. A área entre as estações Imperatriz Leopoldina e Presidente Altino foi isolada.

Pólvora e gás
O tamanho do artefato assustou os policiais. Era um cilindro de gás veicular ligado a fios elétricos. O mecanismo só foi conhecido no final da tarde.
Segundo o delegado Ronaldo Tossunian, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), no interior do cilindro foram encontrados cerca de três quilos de pólvora e GLP (gás liqüefeito de petróleo, conhecido como gás de cozinha). Um pavio estava ligado a uma lâmina incandescente que permitiria que a bomba fosse acionada à distância.
O que mais surpreendeu os policiais foi o fato de a bomba ter pouco poder destrutivo. Segundo Tossunian, ela não conseguiria romper a muralha do cadeião. Uma das possibilidades é que o artefato poderia ser usado como despiste para chamar a atenção dos policiais e facilitar a fuga dos presos por outra área.
O delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic, que vai comandar as investigações, disse que ainda não é possível definir o objetivo de quem colocou a bomba no local.
A circulação de trens só foi restabelecida às 13h45. Foi montado um plano emergencial que contou com 40 ônibus para realizar o transporte dos passageiros dos trens naquele trecho.
O PCC praticou atentados contra prédios públicos e bases da polícia em 2002 e 2003. Um novo atentado agora contraria a fase pela qual passa a facção, segundo o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). "Eles não querem mais chamar a atenção, para evitar que seu líderes sejam responsabilizados", disse Porto.
(GILMAR PENTEADO e VICTOR RAMOS)


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