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PERIGO NOS TRILHOS
Artefato caseiro foi encontrado perto de prisão, depois de tiroteio entre policiais e suspeitos
Bomba pára trens de São Paulo por 4 horas
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma bomba artesanal de pequeno poder destrutivo, encontrada antes de ter sido detonada,
provocou ontem a paralisação
por quatro horas de trens da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos) na zona
oeste de São Paulo e colocou a
polícia em alerta. Cerca de 30 mil
passageiros foram prejudicados.
O artefato estava a 5 metros
dos trilhos do trem e a 800 metros dos fundos do Cadeião 3 de
Pinheiros. A polícia suspeita de
uma tentativa de resgate de presos, mas não descarta a possibilidade de um atentado de uma
facção criminosa. No artefato,
estava pichada a sigla PCC (Primeiro Comando da Capital).
A bomba foi descoberta pela
polícia, que recebeu a informação de que uma quadrilha planejava resgatar presos no cadeião.
Ao chegar ao local, às 3h de ontem, houve tiroteio e os criminosos abandonaram a bomba.
Os suspeitos tiveram acesso à
área dos trens por meio de um
buraco em um muro lateral.
Ninguém foi preso. A bomba só
foi encontrada pela manhã.
A circulação de trens foi interrompida às 9h45. A área entre as
estações Imperatriz Leopoldina
e Presidente Altino foi isolada.
Pólvora e gás
O tamanho do artefato assustou os policiais. Era um cilindro
de gás veicular ligado a fios elétricos. O mecanismo só foi conhecido no final da tarde.
Segundo o delegado Ronaldo
Tossunian, do Deic (Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado), no interior
do cilindro foram encontrados
cerca de três quilos de pólvora e
GLP (gás liqüefeito de petróleo,
conhecido como gás de cozinha). Um pavio estava ligado a
uma lâmina incandescente que
permitiria que a bomba fosse
acionada à distância.
O que mais surpreendeu os
policiais foi o fato de a bomba ter
pouco poder destrutivo. Segundo Tossunian, ela não conseguiria romper a muralha do cadeião. Uma das possibilidades é
que o artefato poderia ser usado
como despiste para chamar a
atenção dos policiais e facilitar a
fuga dos presos por outra área.
O delegado Ruy Ferraz Fontes,
do Deic, que vai comandar as investigações, disse que ainda não
é possível definir o objetivo de
quem colocou a bomba no local.
A circulação de trens só foi restabelecida às 13h45. Foi montado um plano emergencial que
contou com 40 ônibus para realizar o transporte dos passageiros dos trens naquele trecho.
O PCC praticou atentados
contra prédios públicos e bases
da polícia em 2002 e 2003. Um
novo atentado agora contraria a
fase pela qual passa a facção, segundo o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime
Organizado). "Eles não querem
mais chamar a atenção, para evitar que seu líderes sejam responsabilizados", disse Porto.
(GILMAR PENTEADO e VICTOR RAMOS)
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