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Pressionado, ministério divulga nota em que nega estímulo a aborto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta a uma inundação
de e-mails de protesto recebidos,
o Ministério da Saúde divulgou
ontem uma nota à imprensa em
que nega estar "promovendo" ou
"estimulando" o aborto ao lançar
uma norma técnica sobre o atendimento de mulheres que chegam
ao hospital por aborto espontâneo ou provocado.
A nota faz menção a "mensagens equivocadas que estão circulando na internet", em referência
às centenas de e-mails recebidos
pelo Ministério da Saúde acusando o governo de facilitar o aborto
ilegal.
A Folha apurou que as mensagens foram enviadas por pessoas
ligadas a entidades religiosas ou
de lobby contra o aborto, até mesmo de outros países.
As entidades feministas favoráveis à descriminalização do aborto no Brasil estão se mobilizando
para responder à pressão.
A reação do ministério visa disseminar o entendimento de que a
rede pública de saúde não pode
negar atendimento às mulheres
que já chegam aos hospitais em
processo de abortamento.
A norma técnica determina que
as mulheres que cheguem aos
hospitais nessas condições sejam
atendidas de forma imediata, integral e digna. Além disso, estabelece que as pacientes devem receber orientação sobre métodos de
contracepção para o futuro.
Legislação
O governo está criando uma comissão que irá revisar a legislação
punitiva do aborto. A interrupção
voluntária da gravidez é crime no
Brasil, com pena de um a três
anos de detenção. As exceções são
os casos de estupro ou risco de
morte da mãe. O aborto é a quarta
causa de morte materna no país.
"O Ministério da Saúde não está
promovendo nem estimulando o
aborto e sim garantindo a vida de
milhares de mulheres, ao qualificar o atendimento àquelas pessoas que chegam aos serviços de
saúde em processo de abortamento espontâneo ou inseguro",
diz a nota sobre a Norma Técnica
de Atenção Humanizada ao
Abortamento, lançada no final do
ano passado.
Ocorrem, segundo estimativas
oficiais, cerca de 1,4 milhão de
abortos espontâneos ou "inseguros" no país.
Os "inseguros" são aqueles provocados em condições precárias
para a saúde da mulher e estão estimados em cerca de 1 milhão ao
ano. O SUS (Sistema Único de
Saúde) registrou 236.365 internações para curetagem pós-aborto
em 2003.
(LEILA SUWWAN)
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