São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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Liga incentiva coreografia nas baterias do Rio

DA SUCURSAL DO RIO

O Carnaval de 2006 já tem uma polêmica garantida: as coreografias das baterias. O presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba), Capitão Guimarães, orientou as escolas a criarem efeitos com suas baterias, mas os jurados do quesito nem sempre aprovam essas inovações.
"O Capitão Guimarães quer que a gente faça alguma coisa, mas os jurados têm tirado nota. Eu acho que minha obrigação é manter o ritmo da escola. Só que a gente precisa se adaptar para a garotada não dizer que estamos velhos", diz mestre Louro, 31 anos de Salgueiro e desde o ano passado na Caprichosos de Pilares. Ele conta que tem ensaiado cinco efeitos.

Primeiro o ritmo
Odilon Costa, um dos mais respeitados mestres de bateria, é adversário tradicional das paradinhas e dos efeitos cênicos. "Sou fã do bom ritmo. Até faço [algum efeito] para não dizerem que não fiz, mas não sou fã disso. Por mim, não teria. Eu ganho 10 é pelo bom andamento. Tirar ponto é fácil", afirma o mestre da Grande Rio, 48 de idade e 38 de samba.
Mesmo a Beija-Flor, que tem anunciado uma "explosão" da bateria ao longo do desfile, não tem um mestre que morra de amores pelas coreografias.
"Não posso pôr em risco a escola por causa de uma vaidade pessoal. Não tenho esse direito. Meu compromisso é com o ritmo do samba. Meu compromisso é com a vitória", diz mestre Paulinho, 50, há nove anos à frente da bateria da Beija-Flor. Sobre a explosão, ele conta que seus ritmistas pararão de tocar e criarão o efeito ao retomar a batida.

Funk
Inventor da "paradinha funk" no Carnaval de 1997, quando a Viradouro foi campeã, Jorjão, hoje na Imperatriz, é o mestre mais famoso dentre os que gostam de criar efeitos especiais.
"Não podemos deixar de arriscar. [Os efeitos] ajudam o espetáculo. Estou ensaiando oito paradas e três coreografias", anuncia ele, 53, que já perdeu pontos em outros anos por causa das suas invenções.

Mangueira
O mangueirense Marrom, 28, da ala jovem dos mestres, criou polêmica no ano passado ao comandar uma paradinha. A bateria da Mangueira é uma das mais tradicionais e não tem esse tipo de ousadia como costume.
"A orientação da liga é essa [para criar efeitos]. É até uma obrigação. Mas minha idéia é alcançar o bom ritmo. Se algo der errado na coreografia, mas o ritmo não desandar, tudo bem. Não pode é desandar", diz ele, que ensaiou até debaixo de chuva, na terça-feira, para não errar.
Além da paradinha, os ritmistas de um lado da bateria trocarão de lugar com os do outro no decorrer do desfile.
(LFV)


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