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Advogados divergem ao avaliar decisão do STF
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) pela constitucionalidade da progressão de regime para condenados por crimes
hediondos opôs especialistas ouvidos pela Folha.
Para seus apoiadores, ela permitirá a individualização das penas e
possibilitará a ressocialização de
alguns condenados. Para os contrários, representa um aumento
da sensação de impunidade.
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) de São
Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso,
considerou positiva a decisão do
STF. "Ao não admitir a progressão de regime, a Lei de Crimes
Hediondos negava a ressocialização dos presos, reforçando a tese
de que o regime fechado é a única
forma de coibir o crime", disse.
Para D'Urso, o combate à criminalidade se baseia no fim da impunidade, e não na rigidez da pena. "A lei quis ser mais dura, mas
não coibiu o crime. Além disso,
não deixou brecha para a ressocialização do preso."
Mesma opinião tem o advogado
criminalista Luiz Flávio Gomes.
"Há muito tempo sustento a inconstitucionalidade da lei. A pena
tem que ser individualizada. Agora, cada juiz poderá determinar o
regime segundo cada caso."
O procurador-geral interino de
Justiça de SP, Fernando José Marques, porém, afirmou "lamentar
pelas conseqüências que podem
vir da decisão para a sociedade.
De as pessoas condenadas pelos
crimes mais graves agora poderem sair da prisão mais rapidamente". Para ele, poderá haver
um aumento da "sensação de impunidade" na sociedade e, ainda,
uma piora na superlotação dos
presídios -a pena mais branda
poderá estimular a criminalidade.
A procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo Luiza Nagib Eluf considerou "um absurdo" a decisão do STF. "É um
grande problema do Brasil tolerar
excessivamente a criminalidade.
A Lei de Crimes Hediondos era a
única que segurava um pouco
mais isso." Para ela, os condenados por crimes hediondos "são de
muito difícil ressocialização".
(VICTOR RAMOS)
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