São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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POLÍCIA

Para juíza, 6 não participaram da morte de 29 pessoas na Baixada em 2005

Apenas 5 dos 11 PMs acusados de chacina no Rio irão a júri

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Somente 5 dos 11 policiais militares que estavam presos acusados de participar da chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio), em março do ano passado, irão a julgamento, segundo decisão da juíza Elizabeth Louro, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. Os seis que não irão a júri foram soltos.
No entender da juíza, os policiais militares José Augusto Moreira Felipe, Fabiano Gonçalves Lopes, Carlos Jorge Carvalho, Júlio César Amaral de Paula e Marcos Siqueira Costa foram considerados culpados pelas 29 mortes e serão submetidos a júri popular, ainda sem data confirmada.
Todos ainda têm direito a recurso. Eles foram reconhecidos por testemunhas como os atiradores. Além disso, provas técnicas obtidas pela polícia os incriminaram. São acusados também de retornar ao local dos crimes e recolherem evidências.
Uma das provas é um Gol prata usado pelo policial Carvalho que foi visto em locais onde ocorreram mortes e apresentava sangue de algumas das vítimas. Esses PMs também foram vistos, horas antes, reunidos em um bar onde teriam tramado os assassinatos.
De acordo com a juíza, os crimes foram por motivo torpe e com uso de recursos que impossibilitaram a defesa. Além dos 29 homicídios, os cinco PMs responderão pelos crimes de formação de quadrilha e uma tentativa de homicídio - uma das pessoas que foi baleada sobreviveu.
Os policiais Gilmar da Silva Simão e Ivonei de Souza ficaram livres da acusação de homicídios, mas responderão por formação de quadrilha armada. Apesar disso, obtiveram o alvará de soltura.
Foram inocentados de todos os crimes Maurício Montezano, Sedimar Gomes, Walter Mário Tenório e Marcelo Barbosa de Oliveira. Eles foram soltos. Para a juíza, as acusações contra eles não tiveram provas consistentes, além de ter havido contradição de depoimentos de testemunhas.
A chacina da Baixada Fluminense ocorreu no dia 31 de março. Todas as vítimas eram inocentes e foram mortas em 11 locais diferentes dos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. Sete delas tinham menos de 18 anos.
Até hoje a polícia e a Justiça não conseguiram saber a real justificativa para a matança. Suspeita-se que teria sido uma retaliação de PMs à linha dura imposta por comandantes de batalhões da Baixada Fluminense.
Os assassinatos foram cometidos em série e em pouco mais de uma hora. Os matadores percorriam as ruas e atiravam a esmo.
Até a conclusão desta edição, a Folha ainda não havia conseguido falar com os advogados dos PMs que irão a julgamento.


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