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POLÍCIA
Para juíza, 6 não participaram da morte de 29 pessoas na Baixada em 2005
Apenas 5 dos 11 PMs acusados de chacina no Rio irão a júri
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Somente 5 dos 11 policiais militares que estavam presos acusados de participar da chacina de 29
pessoas na Baixada Fluminense
(região metropolitana do Rio),
em março do ano passado, irão a
julgamento, segundo decisão da
juíza Elizabeth Louro, da 4ª Vara
Criminal de Nova Iguaçu. Os seis
que não irão a júri foram soltos.
No entender da juíza, os policiais militares José Augusto Moreira Felipe, Fabiano Gonçalves
Lopes, Carlos Jorge Carvalho, Júlio César Amaral de Paula e Marcos Siqueira Costa foram considerados culpados pelas 29 mortes e
serão submetidos a júri popular,
ainda sem data confirmada.
Todos ainda têm direito a recurso. Eles foram reconhecidos por
testemunhas como os atiradores.
Além disso, provas técnicas obtidas pela polícia os incriminaram.
São acusados também de retornar
ao local dos crimes e recolherem
evidências.
Uma das provas é um Gol prata
usado pelo policial Carvalho que
foi visto em locais onde ocorreram mortes e apresentava sangue
de algumas das vítimas. Esses
PMs também foram vistos, horas
antes, reunidos em um bar onde
teriam tramado os assassinatos.
De acordo com a juíza, os crimes foram por motivo torpe e
com uso de recursos que impossibilitaram a defesa. Além dos 29
homicídios, os cinco PMs responderão pelos crimes de formação
de quadrilha e uma tentativa de
homicídio - uma das pessoas
que foi baleada sobreviveu.
Os policiais Gilmar da Silva Simão e Ivonei de Souza ficaram livres da acusação de homicídios,
mas responderão por formação
de quadrilha armada. Apesar disso, obtiveram o alvará de soltura.
Foram inocentados de todos os
crimes Maurício Montezano, Sedimar Gomes, Walter Mário Tenório e Marcelo Barbosa de Oliveira. Eles foram soltos. Para a juíza, as acusações contra eles não tiveram provas consistentes, além
de ter havido contradição de depoimentos de testemunhas.
A chacina da Baixada Fluminense ocorreu no dia 31 de março.
Todas as vítimas eram inocentes e
foram mortas em 11 locais diferentes dos municípios de Nova
Iguaçu e Queimados. Sete delas tinham menos de 18 anos.
Até hoje a polícia e a Justiça não
conseguiram saber a real justificativa para a matança. Suspeita-se
que teria sido uma retaliação de
PMs à linha dura imposta por comandantes de batalhões da Baixada Fluminense.
Os assassinatos foram cometidos em série e em pouco mais de
uma hora. Os matadores percorriam as ruas e atiravam a esmo.
Até a conclusão desta edição, a
Folha ainda não havia conseguido falar com os advogados dos
PMs que irão a julgamento.
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