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Mantega fica 7 h como refém em assalto
Ministro da Fazenda estava num sítio em Ibiúna (SP) na terça-feira de Carnaval; criminosos levaram dinheiro e objetos
Governo de SP mantinha o caso em segredo até a tarde de ontem, quando anunciou a prisão de três suspeitos; Mantega não quis falar
ANDRÉ CARAMANTE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro Guido Mantega
(Fazenda), sua mulher e um casal de amigos com seus filhos
foram mantidos reféns por
uma quadrilha durante sete horas -entre as 23h de terça-feira
e as 6h de quarta- em um sítio
em Ibiúna (64 km de SP).
O sítio pertence a um amigo
do ministro -que, por questões
de segurança, não quer ter seu
nome revelado. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil de
São Paulo, Mário Jordão Toledo Leme, Mantega não foi reconhecido pelos criminosos, embora policiais da região tenham
dito à Folha o contrário.
Após fazer Mantega e seus
amigos reféns (sem amarrá-los), três criminosos, que usavam revólveres e capuz, obrigaram o dono do sítio a viajar de
Ibiúna até São Paulo para realizar saques em caixas eletrônicos, acompanhado por um dos
criminosos. O trajeto foi feito
no carro da própria vítima. Para invadir o local, eles renderam um caseiro.
À Folha, o dono do sítio disse que todos viveram momentos de muita tensão e que não
queria falar nada sobre o amigo
Mantega (leia texto nesta página). Os ladrões levaram dinheiro, objetos e duas armas do
amigo do ministro, que atua no
ramo da construção civil e disse ter feito a reunião com os
amigos, na noite de terça, para
comemorar o Carnaval.
Depois de roubar objetos e
dinheiro, os três criminosos
obrigaram o empresário dono
do sítio a pegar seu carro novamente e a levá-los até uma região pouco movimentada de
Ibiúna, também na área rural.
Ali, eles o liberaram e fugiram.
A Polícia Civil só admitiu ontem que o ministro foi mantido
refém no roubo após prender
três homens que foram reconhecidos como autores de outro assalto na região de Ibiúna
-seus nomes não foram revelados, nenhum deles tinha passagem pela polícia.
Os suspeitos, que tiveram a
prisão temporária decretara,
negaram os crimes. Segundo a
polícia, no roubo anterior os
três, que não sabem dirigir,
também obrigaram a vítima a
dirigir o carro para a fuga.
Sem detalhes
Em entrevista coletiva, o delegado-geral disse ontem à tarde que não tinha o boletim de
ocorrência do caso e que não
sabia precisar detalhes do assalto. Leme não soube dizer,
por exemplo, se o amigo do ministro sacou dinheiro em caixas
eletrônicos para entregar aos
criminosos.
"No dia foi feito um B.O. [boletim de ocorrência] sem muitos detalhes", afirmou o delegado-geral. "O ministro e o dono
da chácara ainda serão ouvidos", disse.
Segundo Leme, o assalto durou três ou quatro horas. O
amigo do ministro, no entanto,
confirmou à reportagem que
eles ficaram sete horas com os
criminosos.
Leme disse, ainda, que Mantega foi procurado pela polícia,
por telefone, e que disse estar
"tranqüilo". Sua casa em São
Paulo recebeu reforço policial.
Nos próximos dias, o ministro, que havia ido ao sítio apenas para jantar, terá de ser interrogado pela polícia. Procurado pela Folha, Mantega disse
que não falaria sobre o caso.
"Dependendo da autoridade,
ela pode escolher dia e local. Isso é muito normal. Nós estamos fazendo contato para ver
como ele pode nos atender nessa situação", disse Leme.
A Polícia Federal informou
ontem, em Brasília, que todos
os ministros de Estado têm direito à segurança, desde que solicitem. No caso de Mantega,
não houve nenhum pedido.
Tranqüilidade possível
Na tarde de ontem, a reportagem solicitou oficialmente à
Secretaria da Segurança Pública acesso aos documentos de
registro do roubo.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o pedido iria
ser analisado por Leme que,
por sua vez, afirmou que a liberação de consulta ao documento público seria de responsabilidade da assessoria. A Folha
não pôde ver o B.O..
Mantega telefonou, por volta
de meio-dia da Quarta-feira de
Cinzas, para o secretário da Segurança Pública de São Paulo,
Ronaldo Marzagão. Segundo o
secretário, Mantega aparentava "tranqüilidade dentro das
circunstâncias". "Ele foi objetivo [ao descrever o assalto]".
Colaboraram CATIA SEABRA, da Reportagem
Local, e ANDRÉA MICHAEL,da Sucursal de Brasília
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