|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tiroteio provoca pânico diante do Pacaembu
Criminosos, que foram surpreendidos pela polícia, estavam armados com fuzis e pistolas e usavam coletes da Polícia Federal
Na hora da troca de tiros,
funcionava uma feira livre
no local e torcedores
compravam ingressos no
estádio; ninguém foi ferido
ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Armados com fuzis, pistolas
e usando coletes da Polícia Federal, pelo menos oito criminosos enfrentaram a tiros, na manhã de ontem, um grupo de elite da Polícia Civil de São Paulo
em frente ao estádio do Pacaembu (zona oeste).
O tiroteio provocou pânico
em funcionários e clientes de
uma feira livre, que funciona às
terças, quintas, sextas e sábados a menos de 50 metros do
local do confronto, e entre torcedores do Corinthians que
compravam ingressos.
Algumas pessoas se jogaram
sob veículos estacionados ou se
esconderam atrás de pilares.
"Trabalho aqui há 30 anos e
nunca vi isso: pessoas correndo
para escapar de tiros de fuzil",
disse Hiromi de Oliveira, dona
de uma barraca de pastel.
Um dos fuzis utilizados pelo
grupo, segundo a polícia, calibre 7.62 mm, tem alcance superior a 3.000 m.
Também foram encontradas
cápsulas de munição calibre
556, utilizada em fuzis AR-15 e
M-16, de uso exclusivo das Forças Armadas e que estavam em
poder dos criminosos. Os policiais portavam apenas pistolas.
Um dos tiros atingiu um caminhão frigorífico, utilizado
para transporte e venda de peixes. O projétil atravessou dois
vidros e a lataria do veículo, que
estava estacionado.
Cerca de 200 pessoas estavam no local ontem, considerado um dos dias de menor movimento na feira. Ninguém se feriu. "Parecia uma guerra", disse
a feirante Regina Rodrigues.
O confronto começou por
volta das 10h30, quando dois
policiais da Delegacia do Patrimônio do Deic (Departamento
de Investigação do Crime Organizado) passavam pela feira e
foram alertados sobre a presença de pessoas supostamente
armadas no local.
A princípio, segundo os policiais, eles acreditaram se tratar
de colegas da Polícia Federal.
Isso porque, além de utilizar
roupas e coletes semelhantes,
os criminosos disfarçados também ostentavam armas de forma despreocupada. Também
imaginavam encontrar no máximo três pessoas.
No momento em que o carro
do Deic estacionou, surgiram
outros homens, que receberam
os policiais a tiros. O grupo ocupava três veículos. "Os policiais
correram risco de morte", disse
o delegado Edson de Santi, chefe da Delegacia do Patrimônio.
Um criminoso foi ferido na
perna esquerda, mas, assim como todos os outros integrantes
do grupo, conseguiu escapar.
Parte do grupo fugiu em dois
veículos (num Classe A e num
Marea) e restante fugiu a pé.
Policiais disseram que os criminosos pertencem à facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O Corsa,
com o adesivo do Yin e Yang
(símbolo também utilizado pelo PCC), foi abandonado no local e o Classe A, logo depois.
De acordo com a polícia, a
suspeita é que o grupo se preparava para assaltar uma casa de
câmbio ou uma das 12 agências
bancárias que circundam o estádio. Os coletes da PF dariam
acesso mais fácil aos criminosos. Outra hipótese é a do seqüestro de algum empresário.
Fuga
Na fuga, o criminoso ferido
rendeu o taxista Antônio Gilberto, 48, que acabava de chegar ao seu ponto, próximo ao
estádio do Pacaembu.
"Não cheguei nem a desligar
o carro. Ele dizia para eu correr
muito em direção à Anhangüera, mas mudou de idéia quando
percebeu que estávamos sendo
seguidos pelos meus colegas taxistas", afirmou Gilberto, que
em 26 anos de profissão nunca
havia passado por situação semelhante à de ontem.
O fugitivo também rendeu
um motociclista, conseguindo
escapar dos policiais militares
que davam apoio aos civis. Dois
helicópteros foram utilizados
na procura dos bandidos.
Até a conclusão desta edição,
ninguém havia sido preso. Santi disse, porém, já ter identificado pelo menos um suspeito.
Texto Anterior: Ibiúna lidera homicídios em São Paulo Próximo Texto: Frases Índice
|