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Seqüestrador usa trator para atrair vítima
Pai e filho são acusados de publicar anúncios de máquinas agrícolas para atrair empresários e depois fazê-los reféns
Foram pelo menos oito casos em um ano; de acordo com a polícia, família está envolvida em ações criminosas desde 1979
LUÍS FERNANDO MANZOLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O seqüestro de empresários
usando o "golpe da máquina"
colocou pai e filho na mira da
Polícia Civil das cidades de Bebedouro e de Ribeirão Preto.
José Pins, 54, e seu filho Herieverson, 29, são acusados de terem praticado pelo menos oito
seqüestros desde 2006 por
meio do golpe na região e em
outros Estados.
De acordo com a polícia, a
dupla atrai empresários e produtores rurais anunciando produtos -como máquinas agrícolas e insumos industriais- a
preços bem abaixo do mercado.
Quando os compradores chegam para fechar o negócio, são
seqüestrados, levados a cativeiro e liberados apenas após o pagamento do resgate.
Ainda de acordo com a polícia, o seqüestro não é anunciado para as famílias: as vítimas
são obrigadas a ligar para familiares ou sócios e dizer que fecharam o negócio e precisam
do dinheiro para o pagamento
da compra dos produtos.
Segundo a polícia, a prática
de crimes na família Pins começou em 1979, quando José e
sua mãe Angelina -então com
34 anos- foram presos por furto e receptação em São Carlos.
O último crime atribuído à
dupla foi em Matão, no começo
deste mês. Um empresário de
Paranavaí (PR) e seu filho foram à região de Ribeirão adquirir uma pá carregadeira e foram
seqüestrados.
O crime ocorreu dois dias depois de outro similar praticado
na cidade, quando um empresário de Jales e seu assistente
vieram comprar uma usina de
concreto com os Pins. As vítimas ficaram um dia em cativeiro na região e só foram liberadas após o pagamento de R$ 50
mil de resgate.
"Esse tipo de golpe é muito
mais sofisticado que os aplicados por telefone e de que tanto
se fala hoje", afirmou o delegado Ricardo Turra, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão.
As outras ocorrências, no ano
passado, foram registradas em
quatro cidades de Goiás, mais
Ribeirão e Bebedouro. Em todas, as vítimas reconheceram
José Pins e seu filho como autores dos seqüestros. O delegado Carlos Alberto Lopes, da
DIG de Bebedouro, tem um inquérito com 400 páginas sobre
os seqüestros. "Eles são profissionais do crime, e são muito
bons no que fazem. Infelizmente, usam a inteligência deles para o mal", afirmou o delegado.
O caso em Bebedouro ocorreu em abril. Um comerciante
de Goiânia "comprou" uma
carga de tule, tecido usado na
fabricação de lingeries. De
acordo com Lopes, os Pins disseram que o produto havia sido
adquirido em um leilão da Receita Federal em Brasília.
"O leilão havia de fato sido
realizado e os acusados enviaram até uma amostra do tecido
para a vítima", disse. Em Bebedouro, a polícia conseguiu interceptar o depósito -de R$ 50
mil- porque era véspera de feriado e o dinheiro só cairia na
conta no próximo dia útil.
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