São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2007

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Seqüestrador usa trator para atrair vítima

Pai e filho são acusados de publicar anúncios de máquinas agrícolas para atrair empresários e depois fazê-los reféns

Foram pelo menos oito casos em um ano; de acordo com a polícia, família está envolvida em ações criminosas desde 1979

LUÍS FERNANDO MANZOLI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O seqüestro de empresários usando o "golpe da máquina" colocou pai e filho na mira da Polícia Civil das cidades de Bebedouro e de Ribeirão Preto. José Pins, 54, e seu filho Herieverson, 29, são acusados de terem praticado pelo menos oito seqüestros desde 2006 por meio do golpe na região e em outros Estados.
De acordo com a polícia, a dupla atrai empresários e produtores rurais anunciando produtos -como máquinas agrícolas e insumos industriais- a preços bem abaixo do mercado.
Quando os compradores chegam para fechar o negócio, são seqüestrados, levados a cativeiro e liberados apenas após o pagamento do resgate.
Ainda de acordo com a polícia, o seqüestro não é anunciado para as famílias: as vítimas são obrigadas a ligar para familiares ou sócios e dizer que fecharam o negócio e precisam do dinheiro para o pagamento da compra dos produtos.
Segundo a polícia, a prática de crimes na família Pins começou em 1979, quando José e sua mãe Angelina -então com 34 anos- foram presos por furto e receptação em São Carlos.
O último crime atribuído à dupla foi em Matão, no começo deste mês. Um empresário de Paranavaí (PR) e seu filho foram à região de Ribeirão adquirir uma pá carregadeira e foram seqüestrados.
O crime ocorreu dois dias depois de outro similar praticado na cidade, quando um empresário de Jales e seu assistente vieram comprar uma usina de concreto com os Pins. As vítimas ficaram um dia em cativeiro na região e só foram liberadas após o pagamento de R$ 50 mil de resgate.
"Esse tipo de golpe é muito mais sofisticado que os aplicados por telefone e de que tanto se fala hoje", afirmou o delegado Ricardo Turra, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão.
As outras ocorrências, no ano passado, foram registradas em quatro cidades de Goiás, mais Ribeirão e Bebedouro. Em todas, as vítimas reconheceram José Pins e seu filho como autores dos seqüestros. O delegado Carlos Alberto Lopes, da DIG de Bebedouro, tem um inquérito com 400 páginas sobre os seqüestros. "Eles são profissionais do crime, e são muito bons no que fazem. Infelizmente, usam a inteligência deles para o mal", afirmou o delegado.
O caso em Bebedouro ocorreu em abril. Um comerciante de Goiânia "comprou" uma carga de tule, tecido usado na fabricação de lingeries. De acordo com Lopes, os Pins disseram que o produto havia sido adquirido em um leilão da Receita Federal em Brasília.
"O leilão havia de fato sido realizado e os acusados enviaram até uma amostra do tecido para a vítima", disse. Em Bebedouro, a polícia conseguiu interceptar o depósito -de R$ 50 mil- porque era véspera de feriado e o dinheiro só cairia na conta no próximo dia útil.


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