São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Acidente no parque da Aclimação seca lago

Peixes, cisnes, gansos e tartarugas foram arrastados pela tubulação após rompimento do sistema de circulação da água

Sensibilizados, moradores e frequentadores tentavam resgatar animais que se debatiam na lama; causas ainda não estão claras

Fotos Ricardo Nogueira/ Folha Imagem
Frequentadores do parque da Aclimação tentam salvar peixes de lago que secou após sistema de circulação de água se romper

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O rompimento do sistema de circulação de água fez com que o lago do parque da Aclimação, no centro de São Paulo, se transformasse em um enorme lodaçal ontem à tarde. A água vazou para a tubulação interligada ao sistema que deságua no rio Tamanduateí, arrastando peixes, cisnes, gansos e tartarugas que nadavam no lago.
Sensibilizados, moradores e frequentadores tentavam resgatar animais que se debatiam na lama -segundo eles, nenhum funcionário do parque os ajudou na tarefa.
Peixes iam sendo colocados em baldes e transferidos para uma espécie de tanque próximo ao lago, em um resgate improvisado pelos usuários do parque. No entanto, apesar do empenho, vários dos animais não sobreviveram à mudança.
"Eles [os funcionários] ficaram de braços cruzados vendo a gente tirar peixes, gansos e cisnes e não fizeram nada. Agora querem expulsar a gente daqui com a desculpa que o parque fecha às 20h", disse o músico Waldir Borges, 45, que havia ido fazer cooper no parque.
A instrumentadora cirúrgica Cristina Bertolozzi, 45, também ajudou no resgate. "Cheguei por volta das 18h e os peixes estavam morrendo. Eu e meus sobrinhos começamos a pegar os peixes e ninguém ajudou a gente em nada. Usamos baldes que outros moradores trouxeram para o resgate."
A Folha presenciou o momento em que Cristina pediu a seguranças uma lanterna para ajudar no resgate dos peixes, já que a copa das árvores encobre as luminárias do parque na região do lago. A resposta do funcionário foi que a bateria do equipamento seria suficiente para apenas dez minutos, e que o tempo para recarga é de cerca de cinco horas.

Cautela
Heraldo Guiaro, diretor do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Cidade São Paulo, órgão da prefeitura, tentava convencer as pessoas a saírem do lago. "A gente não sabe o que tem aí nesse lodo todo. Muito provavelmente é uma água que coloca a vida humana em risco. Temos preocupação com quem está entrando porque não se sabe o que pode acontecer. Não dá para ser assim, tem de ser com cautela."
Às 20h20 um carro dos bombeiros com quatro homens chegou ao parque para resgatar dois cisnes atolados na parte mais central do lago.
Um bombeiro com uma corda amarrada ao corpo tentou caminhar até os animais, mas afundou no lodo até a cintura e teve de desistir da missão. À noite, funcionários da prefeitura buscavam um bote para fazer o resgate. Puxado por cordas, ele serviria como uma espécie de plataforma para que os bombeiros deslizassem na superfície de lodo.

Causas
O lago, de cerca de 33 mil metros quadrados, secou entre as 16h40 e as 17h30, após a forte chuva que afetou São Paulo.
Guiaro diz que o problema ocorreu com o rompimento da base de sustentação do vertedouro (canal artificial) do lago, espécie de caixa d" água que integra o sistema de circulação e controla o nível da água que entra pelo córrego Pedra Azul.
Segundo Guiaro, só hoje será possível definir as causas do acidente e elaborar obras emergenciais, que deverão ficar sob responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Obras.


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