São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rio de Janeiro

Salgueiro contagia público com enredo sobre tambores

Com samba de refrão fácil, escola combinou luxo e materiais como palha no desfile de ontem para falar do instrumento

Unidos do Porto da Pedra, que usou o menor orçamento entre as escolas de samba, teve problemas com um dos seus carros alegóricos

DA SUCURSAL DO RIO

Vice-campeão no ano passado, o Salgueiro contagiou o público do sambódromo carioca, ontem, na segunda noite de desfiles, e se credenciou a interromper um jejum de títulos que já dura 16 anos.
O samba de refrão fácil foi um dos apelos da escola, mas a qualidade visual do trabalho do carnavalesco Renato Lage também impressionou. Ele conjugou luxo e materiais como palha para falar dos tambores, da pré-história à Timbalada -Carlinhos Brown se apresentou como destaque.
A bateria, homenageada no samba e no abre-alas (que trouxe acrobatas da "Intrépida Trupe"), foi muito aplaudida, com Viviane Araújo à frente. Tanto ou mais sucesso fez a ala do maculelê, com coreografias feitas por homens negros.
A escola tomou um susto quando o terceiro carro, "Raízes místicas do tambor", enfrentou dificuldades para entrar na avenida, mas o problema foi solucionado. Os animais do segundo carro, "Essência ritual", emitiam sons.
A Unidos do Porto da Pedra entrou antes no sambódromo tentando fazer muito com pouco. Mesmo com o menor orçamento das escolas (R$ 2,5 milhões), apresentou um dos maiores abre-alas: um conjunto de 60 metros de comprimento, formado por quatro tripés e uma alegoria acoplada (dois carros em um).
A dificuldade para empurrar o carro resultou numa evolução lenta no início do desfile. Mas o pior aconteceu com a alegoria do apocalipse, a penúltima, que empacou na entrada da avenida. Após o conserto do carro, a escola teve de correr para não estourar os 82 minutos. Na dispersão, outras alegorias travaram.
"Sem emoção, não tem graça. A Porto é uma escola de superação, e sem problemas não tem como se superar", disse o presidente Uberlan de Oliveira.
Apesar dos problemas, a escola de São Gonçalo (região metropolitana) fez um desfile animado, com um enredo criativo sobre a curiosidade humana. O experiente carnavalesco Max Lopes, campeão pela Mangueira (1984 e 2002) e pela Imperatriz Leopoldinense (1989), disse que só foi possível fazer um Carnaval luxuoso e barroco -"bem ao meu estilo"- graças ao reaproveitamento de materiais de desfiles anteriores ou de outros que estavam estocados no barracão da escola.
Um dos destaques foi a comissão de frente, que representava os neurônios e na qual guarda-chuvas formavam um cérebro ao se juntarem. À frente da bateria, estreando no sambódromo, veio a funkeira Valeska Popozuda, do grupo Gaiola das Popozudas.
A Porto da Pedra gastou em seu desfile menos do que o valor das subvenções da Prefeitura do Rio, do governo do Estado e do repasse da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) de direitos de TV, merchandising e ingressos. Juntas, essas receitas somam cerca de R$ 3,5 milhões. Mas a escola precisou usar R$ 1 milhão para pagar dívidas do ano passado.
Ainda desfilariam na segunda noite Imperatriz Leopoldinense, Portela, Mangueira e Viradouro.


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Empolgação: Eduardo Paes samba com camisa da Porto da Pedra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.