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Rio de Janeiro
Salgueiro contagia público com enredo sobre tambores
Com samba de refrão fácil, escola combinou luxo e materiais como palha no desfile de ontem para falar do instrumento
Unidos do Porto da Pedra, que usou o menor orçamento entre as escolas de samba, teve problemas com um dos seus carros alegóricos
DA SUCURSAL DO RIO
Vice-campeão no ano passado, o Salgueiro contagiou o público do sambódromo carioca,
ontem, na segunda noite de
desfiles, e se credenciou a interromper um jejum de títulos
que já dura 16 anos.
O samba de refrão fácil foi
um dos apelos da escola, mas a
qualidade visual do trabalho do
carnavalesco Renato Lage também impressionou. Ele conjugou luxo e materiais como palha para falar dos tambores, da
pré-história à Timbalada
-Carlinhos Brown se apresentou como destaque.
A bateria, homenageada no
samba e no abre-alas (que trouxe acrobatas da "Intrépida Trupe"), foi muito aplaudida, com
Viviane Araújo à frente. Tanto
ou mais sucesso fez a ala do maculelê, com coreografias feitas
por homens negros.
A escola tomou um susto
quando o terceiro carro, "Raízes místicas do tambor", enfrentou dificuldades para entrar na avenida, mas o problema foi solucionado. Os animais
do segundo carro, "Essência ritual", emitiam sons.
A Unidos do Porto da Pedra
entrou antes no sambódromo
tentando fazer muito com pouco. Mesmo com o menor orçamento das escolas (R$ 2,5 milhões), apresentou um dos
maiores abre-alas: um conjunto de 60 metros de comprimento, formado por quatro tripés e
uma alegoria acoplada (dois
carros em um).
A dificuldade para empurrar
o carro resultou numa evolução
lenta no início do desfile. Mas o
pior aconteceu com a alegoria
do apocalipse, a penúltima, que
empacou na entrada da avenida. Após o conserto do carro, a
escola teve de correr para não
estourar os 82 minutos. Na dispersão, outras alegorias travaram.
"Sem emoção, não tem graça.
A Porto é uma escola de superação, e sem problemas não tem
como se superar", disse o presidente Uberlan de Oliveira.
Apesar dos problemas, a escola de São Gonçalo (região
metropolitana) fez um desfile
animado, com um enredo criativo sobre a curiosidade humana. O experiente carnavalesco
Max Lopes, campeão pela
Mangueira (1984 e 2002) e pela
Imperatriz Leopoldinense
(1989), disse que só foi possível
fazer um Carnaval luxuoso e
barroco -"bem ao meu estilo"- graças ao reaproveitamento de materiais de desfiles
anteriores ou de outros que estavam estocados no barracão
da escola.
Um dos destaques foi a comissão de frente, que representava os neurônios e na qual
guarda-chuvas formavam um
cérebro ao se juntarem. À frente da bateria, estreando no
sambódromo, veio a funkeira
Valeska Popozuda, do grupo
Gaiola das Popozudas.
A Porto da Pedra gastou em
seu desfile menos do que o valor das subvenções da Prefeitura do Rio, do governo do Estado
e do repasse da Liesa (Liga Independente das Escolas de
Samba) de direitos de TV, merchandising e ingressos. Juntas,
essas receitas somam cerca de
R$ 3,5 milhões. Mas a escola
precisou usar R$ 1 milhão para
pagar dívidas do ano passado.
Ainda desfilariam na segunda noite Imperatriz Leopoldinense, Portela, Mangueira e Viradouro.
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