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Moradores protestam contra inundações no Aricanduva
Cerca de 500 pessoas interditaram avenida contra obra feita pela prefeitura
PM conteve manifestantes; engenheiro da prefeitura diz que chuva foi forte demais para a capacidade de vazão do córrego Bento Henriques
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 500 pessoas (a avaliação é da PM) interditaram a
avenida Aricanduva, ontem à
tarde, para protestar contra a
obra de reurbanização da favela
9 de Julho, a cargo da Prefeitura de São Paulo. Foram contidos pela polícia, que usou balas
de borracha. Até as 22h, a avenida, uma das principais artérias da zona leste, permanecia
intransitável. Funcionários da
prefeitura limpavam-na de entulhos, pedras e pneus queimados, espalhados por 800 metros
pelos manifestantes.
Segundo os moradores, avalizados pelo engenheiro da prefeitura Carlos Tatsuo Hoshii,
56, erros de projeto nas obras
de reurbanização, somados à
forte chuva, provocaram a
inundação de 700 barracos.
Um caldo de água e esgoto com
1,20 metro de profundidade tomou a favela.
Eliana de Almeida, 28, que
trabalha com reciclagem, chegou do serviço e encontrou a
geladeira boiando no único cômodo de sua casa. O rack e o
guarda-roupas recém-comprados nas Casas Bahia por R$ 600
ficaram imprestáveis.
Eliana tem três filhos que
moram com ela, uma irmã e a
mãe. Só restou um colchão de
solteiro (o do andar de cima de
um beliche) para acomodar toda a família. Ontem, o fogão não
funcionava e os sacos de arroz e
feijão da cesta básica se haviam
perdido, encharcados.
Segundo o engenheiro Hoshii, uma chuva como a de ontem já seria forte demais para a
capacidade de vazão do córrego
Bento Henriques, que atravessa a favela e desemboca no rio
Aricanduva. A situação piorou
porque no ano passado foi
construído um piscinão bem
em frente, no Aricanduva.
"Quando chove, o nível da água
no piscinão sobe e , em vez de o
Bento Henriques desembocar
no Aricanduva, é o Aricanduva
que joga as suas águas na calha
do Bento Henriques, inundando a favela", disse.
Ouvido pela Folha, o secretário Andrea Matarazzo (Subprefeituras) disse não dispor de
informações de que o piscinão
agrave a enchente.
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