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Caixa veta, mas não fiscaliza bolão de lotérica
Há 242 funcionários para fiscalizar a prática nos 10.200 estabelecimentos do país; inspeção só ocorre mediante denúncia
Banco afirma que oferta de bolões pelas lotéricas não é prevista na legislação, mas prática é disseminada nas casas de apostas do país
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM NOVO HAMBURGO
Apesar de considerar ilegal
que as lotéricas promovam os
chamados bolões, a Caixa Econômica Federal só fiscaliza esse tipo de prática mediante denúncia. A Caixa tem 242 funcionários para inspecionar as
10.200 casas de apostas do país.
O banco não soube dizer
quantas denúncias já recebeu
sobre a oferta de bolões pelas
lotéricas nem se o número de
fiscais é suficiente. A assessoria
informou apenas que há uma
constante discussão sobre a necessidade de ampliar ou não o
quadro desses servidores.
No sábado, ao menos 35
compradores de um bolão em
Novo Hamburgo (RS) acertaram os números sorteados no
concurso 1.155 da Mega-Sena,
mas não levaram o prêmio de
R$ 53 milhões. A suspeita é que
a aposta não tenha sido registrada no sistema pela lotérica.
A Caixa suspendeu as atividades da casa, fechada desde
anteontem. Em nota, o banco
disse que a oferta de bolões pelas lotéricas não é prevista na
Norma Geral dos Concursos de
Prognósticos, do Ministério da
Fazenda, nem nas circulares da
Caixa que regem a atividade.
Embora reprovado pela Caixa, o bolão é disseminado em
casas de apostas de todo o país.
Ontem, a Folha visitou dez lotéricas em São Paulo -em nove, o apostador podia participar de bolões de R$ 5 a R$ 500.
Estelionato
O delegado que investiga o
caso de Novo Hamburgo, Clóvis Nei da Silva, afirma que há
indícios de estelionato. Cópias
de outros dois bolões vendidos
pela mesma lotérica serão enviadas à Caixa para verificar se
as apostas foram registradas.
Segundo o delegado, isso pode
revelar se o caso do último sábado foi um erro ou um golpe.
Até ontem, o dono da lotérica, José Paulo Abend, não havia
ido à polícia. Seu advogado,
Marcelo Dias, classificou o caso
como "fatalidade inexplicável",
disse que está sendo feita uma
auditoria e negou má-fé. "Ele
[Abend] é um pequeno empresário e, de repente, caiu um
problema de R$ 53 milhões na
cabeça dele. Ele está arrasado."
Já o advogado Marcelo Luciano, que defende 21 apostadores, afirma que vai processar
a Caixa e a lotérica, exigindo o
pagamento do prêmio e uma
indenização por danos morais.
Colaborou a Reportagem Local
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