São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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Demitido por plágio na USP diz que caso é comum na academia

Andreimar Soares considera injusto seu afastamento e afirma que houve "questões políticas" envolvidas

Sua defesa é que já houve e continuará havendo diversos casos similares na instituição, todos sem demissão

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Demitido da USP por liderar pesquisa acusada de plagiar outro trabalho, o professor Andreimar Martins Soares, 38, considera injusta a decisão. Sua defesa é que já houve -e haverá- diversos casos como o dele na instituição, todos sem tal punição. Soares diz que recorreu da decisão e que houve "questões políticas" envolvidas.
O trabalho teve como coautora a ex-reitora Suely Vilela, que apoiou opositores ao atual reitor, João Grandino Rodas -a quem coube a decisão da demissão, seguindo recomendação de comissão.
A reportagem pediu que Soares detalhasse quais foram as "questões políticas", mas ele não respondeu até o fechamento desta edição (a entrevista foi feita por e-mail).
A pesquisa, com mais dez cientistas, copiou figuras de estudo da UFRJ (Federal do Rio). Além de Soares, foi punida a pesquisadora Carolina Dalaqua Sant'Ana, que perdeu o título de doutora.
A ex-reitora não sofreu sanção. A comissão entendeu que Vilela não teve relação com o trecho plagiado. Abaixo, a entrevista com Soares, que atuava na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto.

 

Folha - Como o sr. analisa sua demissão? Foi justa?
Andreimar Martins Soares -
Foi extremamente alta e desproporcional, ferindo o princípio constitucional da razoabilidade e proporcionalidade. Neste caso posso comprovar que não fui o único a passar por situação semelhante naquela instituição [a Folha solicitou esclarecimentos; sem resposta].
Esse problema existe na academia há muitos anos e ainda continua ocorrendo.

O que o sr. tem a dizer sobre o erro da pesquisa?
Foi muito lamentável. Não o detectei porque estava sobrecarregado, num momento de esgotamento físico e mental. Tinha 11 orientações (entre graduação e pós-graduação, sem contabilizar a supervisão de pós-doutorados e apoio técnico).

Para o sr., por que o processo culminou em demissão?
O envolvimento da ex-reitora levou a uma conotação política. Antes mesmo de me defender nas comissões sindicantes, já havia sido condenado. É claro que houve questões políticas envolvidas.
Como líder do grupo, tomei a atitude correta, pois o trabalho foi retratado perante a comunidade científica e o erro foi corrigido publicamente.


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