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No interior do Paraná, prefeitura faz operação para retirar mendigos
Ação aconteceu em Apucarana (355 km de Curitiba) e foi criticada pela OAB
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Prefeitura de Apucarana
(355 km de Curitiba) retirou
anteontem das ruas da cidade
15 moradores de rua. Seis deles
foram encaminhados para outros municípios.
A medida, considerada como
"mais enérgica" pela Assistência Social local, ocorreu porque
a prefeitura "recebeu reclamações da população sobre o comportamento dos mendigos".
"Nós conhecemos os nossos
moradores de rua. Mas alguns
de fora estavam tomando banho em praça pública, fazendo
gestos obscenos para a população e destruindo espaços públicos", disse Telma Mourão, secretária de Assistência Social.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Paraná avaliou a ação de "expulsar" os moradores como "absolutamente
reprovável", e o Ministério Público Estadual informou que
vai abrir um procedimento para investigar o caso.
A retirada, com apoio da Polícia Militar, ocorreu na manhã
de anteontem. Depois de fornecerem dados pessoais no cartório de identificação da Polícia
Civil, seis mendigos receberam
dinheiro da prefeitura para
passagens -cinco foram encaminhados para Maringá e um
para Mauá da Serra.
"A assistente social foi até a
rodoviária para garantir que o
dinheiro da passagem não seria
usado para comprar bebida,
coisa que acontece com freqüência", disse o prefeito e ex-padre Valter Pegorer (PMDB).
Os outros nove foram convidados a ir para um abrigo da
prefeitura, mas optaram por
voltar às ruas.
Um dos mendigos foi autuado por aliciamento de menor,
porque ofereceu bebida alcoólica a uma criança. No entanto,
ele já foi liberado.
O presidente da OAB-PR, Alberto de Paula Machado, disse
que a medida adotada pela Prefeitura de Apucarana fere o direito de ir e vir, previsto na
Constituição Federal. "A pessoa pode permanecer em local
público e nenhuma autoridade
pode restringir", disse.
O promotor de Justiça do
município Eduardo Cabrini vai
investigar o caso. Segundo ele,
pode ter havido abuso na operação. O prefeito diz que foi
"um trabalho preventivo para a
segurança da população" e que
só vai repetir a operação se
houver necessidade.
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