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Velocidade cai em corredores de ônibus de SP
Veículos estão mais lentos em 7 dos 9 trechos exclusivos da cidade, por onde passam 2 milhões de passageiros por dia
Governo Kassab anunciou 19 medidas para melhoraro tráfego nas faixas; especialistas consideramas intervenções tímidas
Eduardo Knapp - 18.mar.2008/Folha Imagem
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Corredor na avenida Santo Amaro, o mais lento da cidade, com média de 12,2 km/h, mas um dos dois em que o ritmo não caiu em 2008
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A velocidade média dos ônibus caiu em sete dos nove corredores municipais do transporte coletivo de São Paulo
-prejudicando a viagem de 2
milhões de passageiros diários.
Somente nos oito quilômetros de faixas exclusivas da estrada de Itapecerica e avenida
João Dias, na zona sul, quem
gastava 27 minutos no trajeto
passou a perder 37 minutos.
A piora, agravada por fatores
como invasão das pistas por táxis e carros de passeio e programação inadequada de semáforos e de pontos de parada, não
se deu só na periferia.
No corredor das avenidas Rebouças/Consolação/Francisco
Morato, os coletivos que trafegavam a 16 km/h, em 2006,
passaram a rodar a 14,1 km/h,
conforme balanço de 2007.
Um campeão da corrida de
São Silvestre é mais rápido que
os ônibus de qualquer um dos
nove corredores exclusivos.
As velocidades médias aferidas em 2007 ficaram entre 12,2
km/h (Santo Amaro/Nove de
Julho) e 17,9 km/h (Inajar de
Souza/Rio Branco) -de 12% a
64% abaixo do mínimo necessário, de 20 km/h. Especialistas
consideram entre 25 km/h e 30
km/h o ritmo ideal para os trechos exclusivos. No Fura-Fila, a
média alcança 37 km/h.
Os números da Secretaria
Municipal dos Transportes refletem os tormentos diários vividos por passageiros como
Gilberto Simões, 28, e que inclusive provocaram protestos
semanas atrás na zona sul.
O segurança Simões já se
acostumou a levar broncas do
chefe por causa dos atrasos diários no corredor que passa pela
avenida M'Boi Mirim. Fora os
descontos no seu salário -que
equivalem a um dia de trabalho
de 20 jornadas em um mês.
Pista invadida
O engenheiro Cláudio Senna
Frederico, que foi secretário
dos Transportes Metropolitanos de 1995 a 2001, no governo
de Mário Covas (PSDB), avalia
que parte da redução da velocidade deve ter sido "resultado
de pressões pela fluidez do
trânsito", com novas interferências em favor do automóvel.
Por exemplo, a reprogramação de semáforos para melhorar os acessos transversais, mas
em detrimento da eficiência da
pista exclusiva, e a quantidade
excessiva de cruzamentos.
"Não basta ter a separação da
faixa. Ter uma velocidade média abaixo de 25 km/h significa
que está sendo desperdiçado
um investimento", afirma.
"O mais visível", porém, diz
ele, é a quantidade de veículos
invadindo a pista exclusiva.
"Começa com a ambulância,
depois a polícia, depois os táxis.
Cada um com sua justificativa,
mas que, no conjunto, prejudicam muito e incentivam outros
carros particulares a invadir."
O consultor em transporte
Horácio Augusto Figueira faz
coro e defende a proibição de
táxis nos corredores.
Os favoráveis à liberação desses veículos argumentam que a
medida racionaliza os momentos de ociosidade da pista e que
o táxi é uma opção mais racional ao carro particular.
A própria gestão Gilberto
Kassab (DEM) já divulgou que
até 40% do tráfego em alguns
corredores analisados em 2007
era de outros veículos, e não de
ônibus. Hoje a prefeitura diz
nem pensar em rever a liberação das faixas tanto a táxis com
passageiros (diariamente) como a carros de passeio (sábados, após as 15h, e domingos).
A fiscalização dos invasores é
outra deficiência apontada por
especialistas. A capital paulista
tem 58 câmeras para flagrá-los
-a multa é de R$ 127,69-, mas
a punição é precária porque
elas não identificam automaticamente se os carros são autorizados ou veículos infratores.
Mesmo com a queda de velocidade, Figueira cobra a expansão desse transporte, inclusive
com faixas reversíveis nos picos. Entre as intervenções defendidas por ele, está a presença de faixas para ultrapassagem
-para evitar enfileiramento
nos pontos de embarque.
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