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Acusado de traficar 1,2 t de coca morre na PF
Segundo a Polícia Federal, João Mendonça Alves se matou com uma faca de plástico, na superintendência do órgão em SP
Suspeito havia sido preso na sexta-feira e estava sozinho na cela; apreensão foi a maior feita pela PF nos últimos cinco anos
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O suspeito de tráfico de drogas João Mendonça Alves, 38,
foi encontrado morto em uma
cela da carceragem da Polícia
Federal no último sábado. Segundo a polícia, ele teria se suicidado usando uma faca de
plástico sem ponta.
Alves havia sido preso na última sexta, conforme a PF,
prestes a mandar à Europa 1,2
tonelada de cocaína. Essa foi a
maior quantidade apreendida
pelos federais em São Paulo nos
últimos cinco anos.
Segundo a PF, a função de Alves na quadrilha era administrar uma empresa de fachada
de importação e exportação de
álcool em gel. Ele conseguia notas fiscais e legalizava a exportação de caixas de álcool. No interior de cada embalagem do
produto, porém, seguiam para
o exterior pacotes de aproximadamente 22 kg de cocaína.
Alves havia sido preso na tarde da sexta-feira na sua casa em
Itaquera (zona leste de SP), logo depois de a polícia estourar
um galpão em Itatiba (a 84 km
de São Paulo), onde a droga era
manipulada.
Ele foi levado para a Superintendência da Polícia Federal,
na Lapa (zona oeste de SP), e
colocado sozinho em uma cela
de transição -onde permaneceria por dois dias antes de ser
integrado aos demais presos.
De acordo com o delegado
Humberto Prisco, porta-voz da
PF, o acusado cometeu suicídio
usando uma faca de plástico
-fornecida pela polícia com a
quentinha do almoço- para
perfurar uma artéria na região
do pescoço.
O suposto suicídio teria
acontecido por volta das 16h de
sábado. O detento foi levado
para o pronto-socorro do Hospital Sorocabana, na Vila Romana (zona oeste de SP), onde
deu entrada às 16h30 e morreu
às 16h50, segundo a polícia.
A causa da morte foi "hemorragia externa aguda traumática", causada por três ferimentos, segundo a Polícia Civil.
Exames periciais da PF e da Polícia Civil devem determinar se
a faca de plástico foi realmente
usada pelo suspeito. Segundo a
PF, a faca não se quebrou quando supostamente usada por Alves para se cortar.
Os familiares do suspeito foram procurados, mas não falaram com a reportagem.
Horas antes de morrer, Alves
recebeu uma visita do irmão na
carceragem. Uma das hipóteses
da PF para o possível suicídio é
a de que o suspeito não tenha
suportado a pressão de estar
preso pela primeira vez.
Outra possibilidade é que ele
tenha tirado a própria vida com
medo de seus superiores na
quadrilha, que poderiam matá-lo ou aos seus familiares. Alves
era casado e tinha um filho de
oito anos e uma menina de sete.
A quadrilha usava o Brasil como um entreposto para trazer
cocaína da Colômbia ou da Bolívia dentro de baterias de caminhão e depois exportar a
droga em caixas de álcool em
gel de navio para a Europa.
No galpão encontrado pela
PF em Itatiba foram presos
dois comparsas de Alves, os surinameses Marrpersad Jhingoeri e Mahinderparkash
Chuttoo. Eles não estavam na
mesma cela que Alves.
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