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No 2º dia do júri, defesa não desmonta perícia
Promotoria e defesa fizeram questionamentos a testemunhas sobre o laudo do IC e a versão da polícia para a morte de Isabella
Depoimento de legista, que mostrou fotos de ferimentos, emocionou jurados; delegada disse que não havia sangue na roupa de Anna Jatobá
AFONSO BENITES
EDUARDO GERAQUE
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No segundo dia do julgamento de Alexandre Nardoni, 31, e
Anna Carolina Jatobá, 26, a defesa ainda não conseguiu desarticular as principais provas
coletadas pelo Instituto de Criminalística contra os dois.
Para os defensores, os laudos
têm falhas, e evidenciá-las é a
aposta para inocentar o casal,
acusado de esganar e atirar do
sexto andar do edifício onde
moravam a menina Isabella
Nardoni, 5, há quase dois anos.
Contudo, a principal perita
do caso, Rosângela Monteiro,
ainda não foi ouvida. Ela será a
primeira a depor hoje no Fórum de Santana, onde desde segunda acontece o julgamento.
As provas da perícia são cruciais, já que não há confissão ou
testemunha na cena do crime.
Ontem, foram ouvidos a delegada Renata Pontes, responsável
pelo inquérito do caso, o legista
Paulo Tieppo, que analisou o
corpo de Isabella, e o perito criminal Luiz Eduardo Carvalho.
Um dos principais questionamentos de Roberto Podval,
advogado dos Nardoni, foi a ausência de perícias na chave do
apartamento. A investigação
aponta que o objeto pode ter sido usado para agredir a criança
na testa. Para a delegada, a falta
da análise é irrelevante. "A lesão na testa foi superficial, e
não a causadora da morte".
A delegada também afirmou
ter "convicção" de que o casal
matou Isabella.
Podval perguntou à delegada
por que não foram coletadas
impressões digitais da tesoura
usada para cortar a tela do
quarto do qual Isabella foi jogada. "Isso o senhor tem que perguntar à perícia", respondeu.
O perito Luiz Eduardo Carvalho, que não atuou no caso,
mas é um especialista no tema,
analisou manchas de sangue
encontradas na cena do crime e
reafirmou a tese da acusação de
que elas foram gotejadas de
uma altura superior a 1,25 metro, o que indica que a menina
foi carregada por um adulto.
Emoção
A emoção, principal aposta
da Promotoria para comover os
jurados, esteve presente novamente. Anteontem, durante o
depoimento de Ana Oliveira,
mãe de Isabella, uma jurada de
aproximadamente 45 anos chegou a se emocionar.
Ontem, a mulher ficou novamente comovida. O juiz Maurício Fossen perguntou se ela estava bem. Isso aconteceu quando o legista Paulo Tieppo apresentou fotos de lesões do corpo
da menina.
Ele mostrou as marcas de esganadura encontradas no pescoço de Isabella e afirmou que
lesões na testa, no quadril e no
maxilar da garota foram produzidas quando ela ainda estava
viva, e não por causa da queda.
Podval disse que a agressão
não pode ser atribuída a seus
clientes. Na saída do julgamento, voltou a criticar o trabalho
da perícia. "É uma investigação
correta? Séria? Acho que não".
Para Luiz Flávio Gomes, professor de direito que acompanha o julgamento, Podval vai
"insistir fortemente nas falhas
da perícia e, com isso, embutir
dúvidas nos jurados".
A defesa pretende fazer uma
demonstração aos jurados com
o reagente Bluestar, usado para
mostrar que havia sangue no
local, para provar que o produto pode reagir com substâncias
como detergentes. Especialista
ouvidos pela Folha, porém, dizem que só um amador não saberia a diferença, já que as
manchas de sangue tem formas
e texturas bastante específicas.
Ontem, o juiz chegou a repreender a defesa por chamar
Alexandre de "vítima" durante
uma pergunta. "A única vítima
dessa caso está morta", disse.
Podval rebateu: "Todos são vítimas desse fatídico episódio".
Colaboraram o "Agora" e a Folha Online
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