São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Ex-regional preso nega corrupção na Sé

da Reportagem Local

O engenheiro agrônomo João Bento dos Santos Filho, ex-administrador regional da Sé (região central de SP), negou todas as acusações feitas contra ele e disse que nunca teve conhecimento da existência de um esquema de corrupção na Regional da Sé.
Apesar da falta de informações sobre as atividades diárias de seus subordinados, ele é insistente em dizer que tinha pleno controle do funcionamento da Sé e que nunca recebeu ordens do ex-vereador e deputado Hanna Garib (PPB).
"Quem mandava na Sé era eu, João Bento. Nunca ouvi dizer que o Garib era o padrinho da regional. Ele (Garib) nunca mandou em mim e, que eu saiba, nunca mandou em ninguém."
Bento foi preso temporariamente anteontem e depôs durante dez horas ao delegado Maurício Corealli. O ex-regional deve ser ouvido novamente hoje. "Ele diz desconhecer crimes dos quais temos provas materiais e defende muitos réus confessos. Negando o inegável ele só complica sua situação", diz o delegado Romeu Tuma Jr.
Bento foi denunciado (apontado formalmente como suspeito pelo Ministério Público) na sexta passada sob acusação de prevaricação (deixar de cumprir função pública), concussão (exigir vantagem para deixar de cumprir função pública) e formação de quadrilha.
"Nunca soube de corrupção na Sé", repete Bento, que trabalhou 13 anos na regional, dois deles como administrador. "O problema é que o administrador vira saco de pancada para tudo", justifica.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Bento sabia que assessores da SAR exigiam propina do representante da W.Sita, José Novaes Neto, para garantir-lhe exclusividade sobre a venda de barracas.
A denúncia afirma ainda que, assim como Alfredo Mário Savelli, além de receber denúncias da extorsão, Bento visitou os bolsões e viu as bancas da W.Sita ali instaladas, sem nada fazer.
Bento nega conhecer Novaes e diz que nunca recebeu queixas sobra a existência de ameaças contra os ambulantes que não quisessem as barracas dele.
Outra denúncia refere-se ao esquema do lixo. De acordo com depoimento do ex-supervisor de Uso e Ocupação do Solo da Sé, funcionários da Vega Ambiental apontavam o ex-regional como o destinatário inicial da propina paga pela aprovação de planilhas irregulares. O ex-supervisor disse ainda que recebia R$ 300 mensais para assinar as planilhas sem fiscalizar os serviços da Vega e afirmou que, eventualmente, Bento o chamava em sua sala e colocava diretamente no seu bolso R$ 1.000 dizendo que o montante referia-se a parte do supervisor pelo esquema do lixo.
Bento diz apenas que o relato do ex-supervisor é mentiroso.
(SÍLVIA CORRÊA)



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