São Paulo, domingo, 24 de abril de 2005

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Psicólogos orientam a evitar pressão

DA REPORTAGEM LOCAL

A proibição de alguns tipos de alimentos pelas escolas precisa focar a conscientização dos pais, sem pressionar as crianças. Essa é a opinião de psicólogos consultados pela Folha.
"Se for uma forma de pressionar os adultos, deixa a criança em uma situação difícil, porque ela fica entre os dois lados", diz Silvana Rabello, professora da PUC-SP. "Não pode parecer uma coisa violenta. Porque aí a criança vai querer descontar nas horas vagas, comendo tudo o que não pode, só de raiva", completa.
"Para funcionar, a criança não pode se sentir punida", afirma Leila Salomão, docente da USP. "Quando ela tiver algum doce devolvido, é preciso explicar que isso é uma coisa boa para ela."
Fernando Teixeira, professor da Unesp, defende que não é certo deixar iguais todos os lanches das crianças. "Isso pode até trazer resultados saudáveis no sentido de alimentação, mas não é bom para o desenvolvimento da criança", diz Teixeira. "Ela precisa exercitar o convívio social, [lidar com] as diferenças."

Escolas estaduais
As cantinas das escolas estaduais paulistas não poderão mais vender alimentos que possam causar obesidade infantil. É o que exige uma portaria publicada no mês passado pela Secretaria Estadual de Educação.
Os administradores das cantinas são escolhidos por meio de licitação. Os alimentos permitidos constarão no contrato que o cantineiro tem de assinar.
A portaria da secretaria permite a venda de frutas; legumes; verduras; sanduíches; pães; bolos; salgadinhos assados; produtos a base de fibras; barras de chocolate com menos de 30g ou mistas com frutas e fibras; sucos; e bebidas lácteas ou à base de extratos ou fermentados (soja e leite).
"Haverá primeiramente um processo de conscientização", afirma o diretor do Departamento de Suprimento Escolar da secretaria, Frederico Rozanski. "Se houver resistência, poderemos multar ou rescindir o contrato."
Rozanski conta com as associações de pais e mestres para ajudar na fiscalização.
Para definir a portaria, foi feita uma pesquisa nas escolas estaduais de São Paulo em janeiro deste ano. Cada unidade respondeu a um questionário, após consultar pais, professores e funcionários -2.825 escolas participaram. Os resultados foram: 74,5% pediram a troca de refrigerantes por sucos ou bebidas lácteas, 70,5% quiseram a substituição de frituras por assados e 69,4% desejaram a proibição de balas, chicletes e salgadinhos industrializados.
A medida tomada por São Paulo segue a já adotada em outros Estados. Em Santa Catarina, desde 2001 foi proibida a venda de balas, refrigerantes e salgadinhos industrializados. Já o governo do do Rio publicou em janeiro uma lei proibindo a venda e a propaganda desse tipo de produto.


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