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Psicólogos orientam a evitar pressão
DA REPORTAGEM LOCAL
A proibição de alguns tipos de
alimentos pelas escolas precisa focar a conscientização dos pais,
sem pressionar as crianças. Essa é
a opinião de psicólogos consultados pela Folha.
"Se for uma forma de pressionar os adultos, deixa a criança em
uma situação difícil, porque ela fica entre os dois lados", diz Silvana
Rabello, professora da PUC-SP.
"Não pode parecer uma coisa violenta. Porque aí a criança vai querer descontar nas horas vagas, comendo tudo o que não pode, só
de raiva", completa.
"Para funcionar, a criança não
pode se sentir punida", afirma
Leila Salomão, docente da USP.
"Quando ela tiver algum doce devolvido, é preciso explicar que isso é uma coisa boa para ela."
Fernando Teixeira, professor da
Unesp, defende que não é certo
deixar iguais todos os lanches das
crianças. "Isso pode até trazer resultados saudáveis no sentido de
alimentação, mas não é bom para
o desenvolvimento da criança",
diz Teixeira. "Ela precisa exercitar
o convívio social, [lidar com] as
diferenças."
Escolas estaduais
As cantinas das escolas estaduais paulistas não poderão mais
vender alimentos que possam
causar obesidade infantil. É o que
exige uma portaria publicada no
mês passado pela Secretaria Estadual de Educação.
Os administradores das cantinas são escolhidos por meio de licitação. Os alimentos permitidos
constarão no contrato que o cantineiro tem de assinar.
A portaria da secretaria permite
a venda de frutas; legumes; verduras; sanduíches; pães; bolos; salgadinhos assados; produtos a base de fibras; barras de chocolate
com menos de 30g ou mistas com
frutas e fibras; sucos; e bebidas
lácteas ou à base de extratos ou
fermentados (soja e leite).
"Haverá primeiramente um
processo de conscientização",
afirma o diretor do Departamento de Suprimento Escolar da secretaria, Frederico Rozanski. "Se
houver resistência, poderemos
multar ou rescindir o contrato."
Rozanski conta com as associações de pais e mestres para ajudar
na fiscalização.
Para definir a portaria, foi feita
uma pesquisa nas escolas estaduais de São Paulo em janeiro
deste ano. Cada unidade respondeu a um questionário, após consultar pais, professores e funcionários -2.825 escolas participaram. Os resultados foram: 74,5%
pediram a troca de refrigerantes
por sucos ou bebidas lácteas,
70,5% quiseram a substituição de
frituras por assados e 69,4% desejaram a proibição de balas, chicletes e salgadinhos industrializados.
A medida tomada por São Paulo segue a já adotada em outros
Estados. Em Santa Catarina, desde 2001 foi proibida a venda de
balas, refrigerantes e salgadinhos
industrializados. Já o governo do
do Rio publicou em janeiro uma
lei proibindo a venda e a propaganda desse tipo de produto.
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