São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

BARBARA GANCIA

Bandido agora ganha diploma

Estava na cara que, no meio dessa baderna que virou a cidade de São Paulo, mais cedo ou mais tarde ia acabar surgindo um curso para formar bandidos. Pois, ontem, a polícia paulistana apresentou à imprensa três alunos de uma quadrilha especializada em difundir técnicas para a realização de assaltos e sequestros.
Por 30% do valor que os alunos arrecadam em aulas práticas, os professores ensinam com todas as minúcias a arte de identificar a presa ideal; a manha de realizar um assalto com começo, meio e fim e até a ciência de conduzir um sequestro utilizando as mais avançadas técnicas aprovadas pelo mundo do crime internacional.
Faz sentido, não faz, que exista um curso desse tipo na cidade da máfia da propina, do escândalo dos precatórios e das insurreições da Febem?
Estou cada dia mais convencida de que o professor Roberto Mangabeira Unger, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PPS, aponta no caminho certo quando sugere que o aumento da criminalidade não é consequência do desemprego, da pobreza ou da desigualdade, mas estaria diretamente ligado à desordem.
Para piorar, existe ainda o crack. São Paulo tem crack e o Rio não tem. Você se lembra da relação entre a criminalidade de Sampa e a do Rio antes de o crack aportar por estas bandas?
Pois é, a gente olhava para o Rio de Janeiro de cima para baixo. E agora veja só quem está chafurdando na lama.

 
Na segunda-feira a Folha publicou o resultado de uma pesquisa sobre mobilidade social, que revela ser mais difícil subir na vida nos anos 90.
Ora, a minha geração sentiu esse processo de degradação na carne. Me lembro de que 80% dos meus amigos que entraram na faculdade optaram pela Poli ou GV. Éramos a geração que ia construir o país do futuro. Tínhamos oportunidades que nossos pais nunca sonharam. E aqui estamos nós fazendo gato e sapato para pagar o aluguel. Da minha turma, só um ou dois ganham o que os pais ganhavam quando tinham a idade que temos hoje.

 
A última moda é comparar o atual governo ao regime militar. Será que o pessoal já se esqueceu do que era aquele inferno? Essa mania de meter sistematicamente o pau em FHC só pode ser coisa de gente blasé ou de quem considerou os governos Sarney e Collor como experiências válidas de vida democrática. É brincadeira?

QUALQUER NOTA

Aprovado
Não é que a gestão do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, está sendo aplaudida pelos ambientalistas? Por tomar medidas que agradam a todos, como proibir a exploração de mamíferos aquáticos em espetáculos, Zequinha virou o xodó dos verdes.

Free Willy 3
Você deve estar se perguntando qual a importância de se proibir a exploração de mamíferos aquáticos em espetáculos. Eu explico: nos Estados Unidos, os golfinários estão com os dias contados e existem grupos interessados em trazer esse tipo de show de horrores para cá.


E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/




Próximo Texto: Greve do funcionalismo: Aliados pressionam Covas por acordo
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.