São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Saúde e indústria divergem sobre o consumo

GABRIELA SCHEINBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo mundial de cigarro caiu 11% na última década, de acordo com a organização não-governamental norte-americana Worldwatch Institute. A produção mundial também diminuiu: após o pico que atingiu em 1990, fabricando 1.027 cigarros por pessoa, no ano passado a produção foi de 915 unidades per capita.
No Brasil, o governo aponta uma queda, mas os produtores indicam que o mercado está estável. Em 1991, o consumo de cigarro era de 156,4 bilhões de unidades. Em 2000, o Sindifumo (Sindicato da Indústria do Fumo do Rio Grande do Sul) estima que cerca de 105 bilhões de unidades serão consumidas.
Essa diferença não é considerada uma queda porque o Sindifumo não incluiu no total de 2000 o contrabando, estimado em 45 bilhões de unidades (40% do consumo oficial), e que era praticamente inexistente em 91.
A Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil) estima que o contrabando seja de 35%.
A queda do consumo também é contestada pelo médico Ronaldo Laranjeira. "Pesquisas nacionais indicam que os adolescentes estão fumando mais e que o aumento do poder de compra está facilitando o consumo de cigarro", disse. "O Brasil está na contramão do resto do mundo."
Segundo ele, nem a sociedade nem o governo estão conseguindo estabelecer uma ação coordenada para coibir o fumo. "Eles até tentam, mas a atividade é muito incipiente." A maior parte das ações que podem ser tomadas, como proibir cigarro em lugares públicos, está na mão dos governos locais, segundo Laranjeira.

Sinal de queda
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) do Ministério da Saúde, no entanto, vê os números como um sinal de queda do consumo de cigarro no país. "O consumo per capita está diminuído", disse Luisa Goldfarb, gerente do programa nacional de controle de tabagismo do Inca. Segundo ela, em 1980 o consumo foi de 1.177 cigarros por pessoa. Em 1999, de 783.
"Os fabricantes têm interesse em manter o mercado ativo. Mas houve uma queda, e ela está se mantendo", afirmou.
Segundo Claudio Henn, presidente do Sindifumo, o consumo aumenta 1,5% ao ano, principalmente em países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil.
Ele acrescentou que, com a queda de produção dos demais países, o Brasil tem o potencial de abocanhar uma fatia maior do mercado. Logo, a tendência é de que a produção suba ainda mais.


Texto Anterior: Saúde: Governo inicia ofensiva contra o cigarro
Próximo Texto: Medicamentos: Laboratórios vão pagar multa maior por abuso de preço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.