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Saúde e indústria divergem sobre o consumo
GABRIELA SCHEINBERG
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumo mundial de cigarro
caiu 11% na última década, de
acordo com a organização não-governamental norte-americana
Worldwatch Institute. A produção mundial também diminuiu:
após o pico que atingiu em 1990,
fabricando 1.027 cigarros por pessoa, no ano passado a produção
foi de 915 unidades per capita.
No Brasil, o governo aponta
uma queda, mas os produtores
indicam que o mercado está estável. Em 1991, o consumo de cigarro era de 156,4 bilhões de unidades. Em 2000, o Sindifumo (Sindicato da Indústria do Fumo do Rio
Grande do Sul) estima que cerca
de 105 bilhões de unidades serão
consumidas.
Essa diferença não é considerada uma queda porque o Sindifumo não incluiu no total de 2000 o
contrabando, estimado em 45 bilhões de unidades (40% do consumo oficial), e que era praticamente inexistente em 91.
A Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil) estima que o
contrabando seja de 35%.
A queda do consumo também é
contestada pelo médico Ronaldo
Laranjeira. "Pesquisas nacionais
indicam que os adolescentes estão
fumando mais e que o aumento
do poder de compra está facilitando o consumo de cigarro", disse.
"O Brasil está na contramão do
resto do mundo."
Segundo ele, nem a sociedade
nem o governo estão conseguindo estabelecer uma ação coordenada para coibir o fumo. "Eles até
tentam, mas a atividade é muito
incipiente." A maior parte das
ações que podem ser tomadas,
como proibir cigarro em lugares
públicos, está na mão dos governos locais, segundo Laranjeira.
Sinal de queda
O Instituto Nacional do Câncer
(Inca) do Ministério da Saúde, no
entanto, vê os números como um
sinal de queda do consumo de cigarro no país. "O consumo per capita está diminuído", disse Luisa
Goldfarb, gerente do programa
nacional de controle de tabagismo do Inca. Segundo ela, em 1980
o consumo foi de 1.177 cigarros
por pessoa. Em 1999, de 783.
"Os fabricantes têm interesse
em manter o mercado ativo. Mas
houve uma queda, e ela está se
mantendo", afirmou.
Segundo Claudio Henn, presidente do Sindifumo, o consumo
aumenta 1,5% ao ano, principalmente em países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil.
Ele acrescentou que, com a queda de produção dos demais países, o Brasil tem o potencial de
abocanhar uma fatia maior do
mercado. Logo, a tendência é de
que a produção suba ainda mais.
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