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LEGISLATIVO
Vereador Arselino Tatto é acusado pela Promotoria de exigir devolução de parte dos salários de funcionários do gabinete
Justiça bloqueia bens de líder do PT
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Bens do vereador Arselino Tatto
(PT) e de três parentes dele foram
bloqueados pela Justiça ontem
para garantir a restituição à Câmara Municipal de R$ 325.580,66
que o parlamentar teria se apropriado indevidamente.
O parlamentar, que é líder do
PT no Legislativo paulistano e um
dos cotados para assumir a presidência da Casa, é acusado pelo
Ministério Público do Estado de
São Paulo de exigir devolução de
parte do salário de funcionários
que trabalharam em seu gabinete.
O vereador petista, que nega a
acusação, diz ter recebido de funcionários apenas recursos que
eram repassados ao PT.
Tatto disse que seu advogado
tentará hoje suspender a decisão
que bloqueou bens dele e de parentes (leia texto nesta página).
A decisão de tornar os bens do
vereador e de sua família indisponíveis foi dada em uma liminar
(decisão provisória), do juiz Olavo Sá Pereira da Silva, da 13ª Vara
da Fazenda Pública.
O pedido de bloqueio de bens
foi feito em uma ação civil de improbidade administrativa proposta pelo promotor de Justiça da
Cidadania Silvio Antônio Marques contra o vereador Arselino
Tatto, sua mulher, sua sogra e
uma cunhada.
Denúncia
A investigação teve início após
denúncias feitas por ex-assessores
do petista. Devido à suspeita, a
Promotoria conseguiu quebrar o
sigilo bancário de contas de Tatto
e de seus parentes.
Nas contas bancárias, foram encontrados, no período entre 1989
e 1996, depósitos que não correspondem aos rendimentos do vereador, que está em seu quarto
mandato na Câmara Municipal, e
de seus parentes.
A conclusão de que o dinheiro
pode ter sido apropriado indevidamente foi baseada em perícias
que foram feitas e em depoimentos dados ao Ministério Público,
inclusive pelo vereador.
Em 99, uma folha de pagamento
dos assessores de gabinete de Tatto obtida pela polícia mostrava
que, dos R$ 74,2 mil gastos com
salários, R$ 31,6 mil eram devolvidos mensalmente. Desse valor, R$
11,9 mil iam para o PT. Na época,
cada vereador tinha direito a nomear 21 funcionários.
A mesma denúncia já foi investigada na Câmara Municipal em
1999, mas o procedimento foi arquivado por falta de provas.
Na época, período em que se investigava a chamada máfia da
propina, Tatto chegou a ser ameaçado devido às denúncias. Vereadores que estavam sendo investigados por uma CPI queriam entrar com pedido de cassação dele
por improbidade.
Valores
Dos R$ 325 mil, cerca de R$ 246
mil em depósitos estavam em
contas de Tatto, segundo a Folha
apurou. Os outros valores estavam nas contas da mulher, Maria
José Barros (R$ 67.456), da sogra,
Terezinha Aparecida Barros da
Silva (R$ 5.979), e de Patrícia Barros (R$ 5.863), uma das cunhadas
de Arselino Tatto.
Além da devolução do dinheiro,
o promotor pede em sua ação que
Tatto e seus parentes sejam condenados a pagar uma multa de
três vezes o valor supostamente
apropriado. A multa poderá chegar a R$ 1 milhão.
Também foi pedido que o petista seja punido com a perda da
função pública e com a suspensão
de seus direitos políticos por até
dez anos. Essas punições, no entanto, dependem de julgamento
na Justiça da ação proposta.
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