São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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LEGISLATIVO

Vereador Arselino Tatto é acusado pela Promotoria de exigir devolução de parte dos salários de funcionários do gabinete

Justiça bloqueia bens de líder do PT

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Bens do vereador Arselino Tatto (PT) e de três parentes dele foram bloqueados pela Justiça ontem para garantir a restituição à Câmara Municipal de R$ 325.580,66 que o parlamentar teria se apropriado indevidamente.
O parlamentar, que é líder do PT no Legislativo paulistano e um dos cotados para assumir a presidência da Casa, é acusado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo de exigir devolução de parte do salário de funcionários que trabalharam em seu gabinete.
O vereador petista, que nega a acusação, diz ter recebido de funcionários apenas recursos que eram repassados ao PT.
Tatto disse que seu advogado tentará hoje suspender a decisão que bloqueou bens dele e de parentes (leia texto nesta página).
A decisão de tornar os bens do vereador e de sua família indisponíveis foi dada em uma liminar (decisão provisória), do juiz Olavo Sá Pereira da Silva, da 13ª Vara da Fazenda Pública.
O pedido de bloqueio de bens foi feito em uma ação civil de improbidade administrativa proposta pelo promotor de Justiça da Cidadania Silvio Antônio Marques contra o vereador Arselino Tatto, sua mulher, sua sogra e uma cunhada.

Denúncia
A investigação teve início após denúncias feitas por ex-assessores do petista. Devido à suspeita, a Promotoria conseguiu quebrar o sigilo bancário de contas de Tatto e de seus parentes.
Nas contas bancárias, foram encontrados, no período entre 1989 e 1996, depósitos que não correspondem aos rendimentos do vereador, que está em seu quarto mandato na Câmara Municipal, e de seus parentes.
A conclusão de que o dinheiro pode ter sido apropriado indevidamente foi baseada em perícias que foram feitas e em depoimentos dados ao Ministério Público, inclusive pelo vereador.
Em 99, uma folha de pagamento dos assessores de gabinete de Tatto obtida pela polícia mostrava que, dos R$ 74,2 mil gastos com salários, R$ 31,6 mil eram devolvidos mensalmente. Desse valor, R$ 11,9 mil iam para o PT. Na época, cada vereador tinha direito a nomear 21 funcionários.
A mesma denúncia já foi investigada na Câmara Municipal em 1999, mas o procedimento foi arquivado por falta de provas.
Na época, período em que se investigava a chamada máfia da propina, Tatto chegou a ser ameaçado devido às denúncias. Vereadores que estavam sendo investigados por uma CPI queriam entrar com pedido de cassação dele por improbidade.

Valores
Dos R$ 325 mil, cerca de R$ 246 mil em depósitos estavam em contas de Tatto, segundo a Folha apurou. Os outros valores estavam nas contas da mulher, Maria José Barros (R$ 67.456), da sogra, Terezinha Aparecida Barros da Silva (R$ 5.979), e de Patrícia Barros (R$ 5.863), uma das cunhadas de Arselino Tatto.
Além da devolução do dinheiro, o promotor pede em sua ação que Tatto e seus parentes sejam condenados a pagar uma multa de três vezes o valor supostamente apropriado. A multa poderá chegar a R$ 1 milhão.
Também foi pedido que o petista seja punido com a perda da função pública e com a suspensão de seus direitos políticos por até dez anos. Essas punições, no entanto, dependem de julgamento na Justiça da ação proposta.



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