São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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ESTRANHOS NO PARAÍSO

Defesa de brasileiro nega confissão

Ironia pode ter levado à morte de estudante nos EUA, afirma polícia

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A polícia de Danbury (Estado de Connecticut) trabalha com a hipótese de que um comentário irônico sobre o desempenho sexual de Saul dos Reis tenha levado à morte da estudante Christina Long. A confissão teria sido feita na segunda-feira pelo brasileiro aos investigadores do caso, que pretendem utilizá-la em juízo.
O advogado do ex-garçom nega que seu cliente tenha feito algum tipo de confissão aos policiais. "Estou preocupado com a quantidade de publicidade que o caso vem atraindo e com o efeito que isso vai ter na possibilidade de o julgamento ser justo", disse Harold Pickerstein.
Segundo os policiais, na manhã seguinte à prisão, Reis, 25, teria dito que estrangulou a norte-americana Christina Long, 13, por ela ter debochado de seu desempenho enquanto os dois faziam sexo no carro do brasileiro, no estacionamento de um shopping da cidade em que ela morava. A defesa alegará morte acidental.
O crime que o mantém na cadeia desde domingo à noite é o de sedução de uma menor pela internet. O brasileiro ainda não foi indiciado pelo assassinato.
"Os pais das colegas de Christina me perguntam por que ele ainda não foi indiciado pelo crime", disse o prefeito de Danbury, Mark Boughton. "Respondo que os promotores estão levantando o maior número possível de provas para poderem pedir a pena de morte", afirmou. Se considerado culpado, Reis pode ser condenado à morte por injeção letal, pena que não é aplicada em Connecticut desde 1960.
Hoje à tarde, o brasileiro ouve de um tribunal federal em Bridgeport (Connecticut) se pode ser solto sob fiança e qual o valor. O mais provável é que permaneça preso, por ser imigrante ilegal.
O funeral de Christina Long na manhã de ontem reuniu 200 pessoas, entre parentes, amigos e jornalistas. "Não devemos julgar Christina e sua família", disse o reverendo Albert Audette. O pastor se referia à declaração do FBI segundo a qual a estudante levava uma "vida dupla".
De acordo com a polícia federal, a garota usava seu site para marcar encontros sexuais com homens mais velhos.



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