São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serra diz que PM busca solução pacífica

Governador afirma que o empenho máximo na USP é pela negociação, "até porque não se trata de confronto entre facções"

Interlocutores do tucano dizem que o uso da força policial é o último recurso e que o governo tenta vencer os estudantes pelo cansaço


Hipólito Pereira/Agência O Globo
Os governadores Sérgio Cabral, do Rio, e José Serra, de São Paulo, durante visita ao Corcovado


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador José Serra afirmou ontem, no Rio, que a Polícia Militar está "empenhada em uma solução pacífica" para cumprir a ordem da Justiça de reintegração de posse da reitoria da USP. Para Serra, a questão da desocupação da USP "não é assunto de política do governador", mas da polícia e da Secretaria da Segurança.
Ele esteve no Rio para apoiar a candidatura do Cristo Redentor na eleição das sete maravilhas do mundo e almoçou na Associação Comercial do Rio.
De manhã, no Corcovado, Serra se recusou a responder se temia violência em eventual confronto da PM com estudantes. Ao ouvir a pergunta, virou-se de costas e nada disse. Depois, na Associação Comercial, também relutou antes de finalmente falar sobre a invasão da USP. Ele relatou que a reitoria pediu a reintegração de posse e a Justiça a determinou "diretamente à polícia, à Secretaria da Segurança". "Não é assunto do governo, do governador fazer isso ou aquilo."
O governador disse que não fez nenhuma recomendação especial à polícia. "O que a polícia está empenhada é que haja solução pacífica, até porque não se trata de nenhum confronto entre facções inimigas, trata-se da universidade."

Cansaço
Embora sustente o discurso de que a autonomia tão pleiteada pelas universidades confere à reitora toda a responsabilidade pela decisão, três integrantes do governo Serra descartavam ontem a possibilidade de uso de força para a retirada dos estudantes ainda hoje.
Segundo um privilegiado interlocutor de Serra, a força policial é o último recurso para a reintegração. E optar por isso seria cair numa armadilha: a de um conflito com estudantes.
A idéia é tentar vencer os alunos pelo cansaço, apostando no desgaste do movimento. Segundo informações obtidas pelo governo, em recente assembléia, a proposta de manter a invasão venceu por 17 votos de vantagem. Ontem, a intenção era insistir numa saída negociada. Mas o futuro emprego de força não estaria descartado.

Contra a desocupação
Ontem, o Sindusp (sindicato dos trabalhadores da USP) entrou na Justiça com pedido de revogação da ordem de reintegração de posse do prédio de reitoria. Ele pede um prazo de, no mínimo, dez dias para "que as partes de componham pacificamente". "Queremos evitar um novo Carandiru", diz o advogado Idibal Pivetta.


Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local, e TOMÁS CHIAVERINI


Texto Anterior: Professores também aderem à greve na USP
Próximo Texto: História: No Rio, José Serra relembra seu período na liderança da UNE
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.