São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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ANTONIO LUISI (1924-2009)

O médico que desenvolveu técnicas de diagnóstico do câncer

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O médico Antonio Luisi foi vários: Tonino, quando criança; Luisi, na faculdade; Luis, após conhecer a mulher nos anos 40; e, por fim, seu Antonio, depois de aposentado. Filho de um barbeiro, nasceu na Itália, mas veio ao país aos dois anos. Por opção, naturalizou-se brasileiro anos depois. Em SP, o pai teve uma barbearia; depois, abriu um bazar, no Cambuci (centro).
Em 1949, formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina, no Rio. Ao Luisi, como era chamado entre os colegas, juntou outro apelido, ao conhecer, num baile, Moerys, sua mulher. Ela entendeu que seu nome era Luis, e assim passou a chamá-lo.
Especialista em câncer, dedicou-se à pesquisa, desenvolvendo técnicas de diagnóstico de vários tipos da doença. Trabalhou nos hospitais do Câncer de SP, Juqueri, Maternidade Leonor Mendes, deu aulas na Escola Paulista de Medicina e foi ainda professor da OMS entre os anos 60 e 70.
Em 1967, tempos de Guerra Fria, conseguiu autorização para participar de uma conferência na União Soviética. Ficou incrédulo ao ver que muitos médicos não tinham acesso a livros. Enviou alguns aos amigos russos que fez.
Em 1994, sua mulher, uma "artista plástica amadora", descobriu um câncer no endométrio. "Ele deu um jeito de acompanhar tudo", conta Liz, a filha. "Às vezes a gente tinha até que tirar ele de cena." Em 2000, ficou viúvo e passou a carregar o retrato da mulher na carteira -mostrava-o para todo mundo.
Tempos depois, aos 78, atendeu aos pedidos da família -feito antes, também, pela mulher- e defendeu sua tese de mestrado diante de um auditório lotado.
Aposentado, virou o seu Antonio, que levava doces e salgadinhos para os vizinhos, seguranças da rua etc.
Morreu sexta, 15, aos 84, de insuficiência respiratória. Deixa três filhos e sete netos.

obituario@grupofolha.com.br


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