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ANTONIO LUISI (1924-2009)
O médico que desenvolveu técnicas de diagnóstico do câncer
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico Antonio Luisi foi
vários: Tonino, quando criança; Luisi, na faculdade; Luis,
após conhecer a mulher nos
anos 40; e, por fim, seu Antonio, depois de aposentado.
Filho de um barbeiro, nasceu na Itália, mas veio ao país
aos dois anos. Por opção, naturalizou-se brasileiro anos
depois. Em SP, o pai teve uma
barbearia; depois, abriu um
bazar, no Cambuci (centro).
Em 1949, formou-se pela
Faculdade Nacional de Medicina, no Rio. Ao Luisi, como
era chamado entre os colegas,
juntou outro apelido, ao conhecer, num baile, Moerys,
sua mulher. Ela entendeu que
seu nome era Luis, e assim
passou a chamá-lo.
Especialista em câncer, dedicou-se à pesquisa, desenvolvendo técnicas de diagnóstico
de vários tipos da doença. Trabalhou nos hospitais do Câncer de SP, Juqueri, Maternidade Leonor Mendes, deu aulas na Escola Paulista de Medicina e foi ainda professor da
OMS entre os anos 60 e 70.
Em 1967, tempos de Guerra
Fria, conseguiu autorização
para participar de uma conferência na União Soviética. Ficou incrédulo ao ver que muitos médicos não tinham acesso a livros. Enviou alguns aos
amigos russos que fez.
Em 1994, sua mulher, uma
"artista plástica amadora",
descobriu um câncer no endométrio. "Ele deu um jeito de
acompanhar tudo", conta
Liz, a filha. "Às vezes a gente
tinha até que tirar ele de cena." Em 2000, ficou viúvo e
passou a carregar o retrato
da mulher na carteira -mostrava-o para todo mundo.
Tempos depois, aos 78,
atendeu aos pedidos da família -feito antes, também, pela mulher- e defendeu sua
tese de mestrado diante de
um auditório lotado.
Aposentado, virou o seu
Antonio, que levava doces e
salgadinhos para os vizinhos,
seguranças da rua etc.
Morreu sexta, 15, aos 84,
de insuficiência respiratória.
Deixa três filhos e sete netos.
obituario@grupofolha.com.br
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