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Os Satyros comemoram 20 anos no circuito do teatro alternativo de SP
GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA
Ao completar 20 anos, em
junho, os Satyros -grupo que
construiu uma história de sucesso no circuito alternativo
do teatro paulistano- confirmam a vocação artística que
se expandiu da sede do grupo,
no número 214 da praça Roosevelt, para o entorno, antes
palco de violência e crimes.
O centro da cidade, naquele
ponto ao menos, ganhou luz.
Durante duas décadas de
atividade, a companhia calcificou núcleo de artistas fixos.
Rodolfo García Vázquez, 47,
Silvanah Santos, 46, e Ivam
Cabral, 42, que permanecem
desde a primeira formação
dos Satyros, viram 1.200 atores passarem pelas 65 montagens que realizaram.
Hoje, há pelo menos outros
40 intérpretes em cartaz em
peças da companhia. Mas o
chamado "núcleo duro dos
Satyros" lista Gisa Gutervil,
30, Alberto Guzik, 64, Germano Pereira, 31, Fábio Penna,
32, Cléo de Paris, 37, e a transexual cubana Phedra D. Córdoba, 70, diva da turma.
Exceto por Gisa, estão todos no elenco da peça "Liz",
em cartaz em São Paulo. O
texto foi escrito pelo autor
cubano Reinaldo Montero e
fala sobre relação de poder
entre política e artes, e tem
como mote a história da rainha Elizabeth 1ª.
A montagem é vista como
um sopro de renovação artística, tanto pelo figurino lisérgico como pela interpretação
comportada.
Não se utiliza da agressividade sexual cênica que marcou os Satyros, principalmente nos primeiros tempos, com
textos do escritor libertino
Marquês de Sade (1740-1814).
Mas outros três espetáculos em cartaz "Os 120 Dias de
Sodoma", "A Filosofia na Alcova" e "Justine" remetem ao
frisson desse passado, no início dos anos 1990.
Os Satyros estrearam em
1989 com uma peça infantil,
"Arlequim", mas dispostos a
fazer barulho. E fizeram.
Passaram por Portugal nos
anos 90 e por outras cidades
brasileiras até encontrar sua
sede atual, em São Paulo. Ali,
além de reformar o local,
abriram um bar com mesas
na calçada.
A intimidade é dividida pelos integrantes. Eles passam
feriados juntos, viajam, comemoram aniversários.
Para Rodolfo, vive-se uma
era em que o importante não
é discursar, e sim agir. Fechando o papo, ele resume: "A
gente nunca quis mudar o
mundo. Mas nós colocamos
uma mesinha na calçada."
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