São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Os Satyros comemoram 20 anos no circuito do teatro alternativo de SP

GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA

Ao completar 20 anos, em junho, os Satyros -grupo que construiu uma história de sucesso no circuito alternativo do teatro paulistano- confirmam a vocação artística que se expandiu da sede do grupo, no número 214 da praça Roosevelt, para o entorno, antes palco de violência e crimes.
O centro da cidade, naquele ponto ao menos, ganhou luz.
Durante duas décadas de atividade, a companhia calcificou núcleo de artistas fixos. Rodolfo García Vázquez, 47, Silvanah Santos, 46, e Ivam Cabral, 42, que permanecem desde a primeira formação dos Satyros, viram 1.200 atores passarem pelas 65 montagens que realizaram.
Hoje, há pelo menos outros 40 intérpretes em cartaz em peças da companhia. Mas o chamado "núcleo duro dos Satyros" lista Gisa Gutervil, 30, Alberto Guzik, 64, Germano Pereira, 31, Fábio Penna, 32, Cléo de Paris, 37, e a transexual cubana Phedra D. Córdoba, 70, diva da turma.
Exceto por Gisa, estão todos no elenco da peça "Liz", em cartaz em São Paulo. O texto foi escrito pelo autor cubano Reinaldo Montero e fala sobre relação de poder entre política e artes, e tem como mote a história da rainha Elizabeth 1ª.
A montagem é vista como um sopro de renovação artística, tanto pelo figurino lisérgico como pela interpretação comportada.
Não se utiliza da agressividade sexual cênica que marcou os Satyros, principalmente nos primeiros tempos, com textos do escritor libertino Marquês de Sade (1740-1814).
Mas outros três espetáculos em cartaz "Os 120 Dias de Sodoma", "A Filosofia na Alcova" e "Justine" remetem ao frisson desse passado, no início dos anos 1990.
Os Satyros estrearam em 1989 com uma peça infantil, "Arlequim", mas dispostos a fazer barulho. E fizeram.
Passaram por Portugal nos anos 90 e por outras cidades brasileiras até encontrar sua sede atual, em São Paulo. Ali, além de reformar o local, abriram um bar com mesas na calçada.
A intimidade é dividida pelos integrantes. Eles passam feriados juntos, viajam, comemoram aniversários.
Para Rodolfo, vive-se uma era em que o importante não é discursar, e sim agir. Fechando o papo, ele resume: "A gente nunca quis mudar o mundo. Mas nós colocamos uma mesinha na calçada."


Texto Anterior: Cirurgião é procurado pela Interpol
Próximo Texto: Quatro jovens morrem pisoteados em rodeio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.