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ANÁLISE
Autoridades devem admitir que algo não vai bem em SP
LUÍS FLÁVIO SAPORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Estado de SP constituía,
até recentemente, "case" de
sucesso na gestão da segurança pública. Entre 1999 e
2008, ocorreram quedas expressivas nas taxas de roubos e, principalmente, de homicídios. Resultado semelhante foi observado apenas
em Bogotá e Nova York.
No bojo desse processo
achava-se a redução da letalidade da ação policial. A polícia paulista, especialmente
a Polícia Militar, passou a
matar menos. Programas de
aprimoramento das técnicas
de uso controlado da força
foram disseminados.
Paralelo a isso, consolidava o mais abrangente e consistente programa de policiamento comunitário no Brasil.
Há sinais concretos, infelizmente, de que as árduas
conquistas estão se perdendo. Em 2009, as taxas de roubos e homicídios voltaram a
crescer, tendência que vem
se mantendo nos primeiros
meses de 2010.
O número de mortos em
confronto com a polícia também recrudesceu, reverberando no incremento do número de policiais afastados
das atividades funcionais
por desvios de conduta.
Tais retrocessos estão relacionados à descontinuidade
e ao descontrole da política
de segurança pública que estava sendo implementada
desde o início da década.
O acirramento do antagonismo entre as polícias Militar e Civil é público e notório,
o que impacta negativamente a capacidade da polícia na
repressão e na prevenção da
criminalidade.
Além disso, tudo leva a
crer que o controle bem sucedido da letalidade da ação
policial "afrouxou", de modo
que os policiais voltam a fazer uso mais intensivo da força física em detrimento da inteligência policial.
O momento é oportuno para que correções sejam realizadas, retomando o trilho da
redução da violência que estava sendo percorrido.
Para tanto, é fundamental
a adoção de nova postura política e gerencial por parte
das autoridades competentes, reconhecendo que "algo
não vai bem".
A retomada da redução
dos indicadores de criminalidade e violência em SP é imprescindível para a sociedade brasileira.
Necessitamos
de experiências bem sucedidas para que passemos a
acreditar com mais convicção que segurança pública
no Brasil tem jeito!
LUÍS FLÁVIO SAPORI é ex-secretário-adjunto de Segurança Pública de Minas
Gerais, professor da PUC-MG e secretário-executivo do Instituto Minas Pela Paz
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