São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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SP recebe exposição inédita sobre Holocausto

Mostra no Sesc Pompeia, que começa na sexta, vai até 4 de julho

Haverá vídeos com depoimentos de vítimas, fotos históricas e de família, objetos dos sobreviventes e outros

Marcelo Justo/Folha Imagem
Nanette Konig, 81, holandesa sobrevivente de um campo de concentração, em sua casa no Sumaré, zona oeste de SP

RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO

Eles são oito judeus nascidos em diferentes países da Europa, eram crianças ou adolescentes quando a Segunda Guerra (1939-1945) explodiu, sobreviveram à crueldade da perseguição nazista e hoje moram no Brasil.
Desta sexta até 4 de julho, o Sesc Pompeia (em SP) abrigará mostra inédita sobre o Holocausto. E eles estarão lá, em testemunhos gravados em vídeo, lembrando o terror, expondo cicatrizes.
Cada um com seu sotaque, os oito sobreviventes baterão na mesma tecla: o mundo não pode nunca esquecer essa tragédia do século 20.
"Devemos relembrar sempre o que aconteceu para evitar que se repita contra qualquer povo por causa de sua raça, procedência ou religião", afirma o polonês Ben Abraham, 85, que ficou preso no campo de concentração de Auschwitz.
"Jurei a mim mesmo, quando perambulava esfarrapado e alquebrado pelos campos [nazistas], que, se Deus me permitisse sobreviver, eu contaria ao mundo tudo o que aconteceu", diz.
A mostra "Shoá: Reflexões por um mundo mais tolerante" -"shoá" é a palavra que os judeus usam para o Holocausto- foi criada em Montevidéu em 2008, por três jovens judeus. Ao Brasil, foi trazida pelo empresário William Rozenbaum Trosman.
Além dos vídeos, a exposição mostra o Holocausto em fotos históricas e de família, objetos dos sobreviventes, obras de arte, mapas, filmes, palestras e espaços interativos. Parte do material veio de museus internacionais.
"Veja o caso do Irã", lembra judeu nascido na Alemanha Heinz Cohen, 81. Ele se refere ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, que causou indignação internacional ao dizer que o Holocausto nunca existiu.
"Como se nega a morte de 6 milhões? Então precisa, sim, ser falado, falado e falado. E com a seguinte tônica: nunca mais." A família de Heinz escapou da Alemanha antes de ser agarrada pelos nazistas, mas primos, tios e uma avó morreram em campos de concentração.
No Sesc, as imagens mais chocantes dos judeus nos campos de concentração não estarão expostas, mas "escondidas" em pequenos visores para serem vistas apenas por quem quiser.
"Não é para ninguém sair chorando. É uma exposição para reflexão", afirma Miriam Vasserman, a coordenadora da mostra.


SHOÁ: REFLEXÕES POR UM MUNDO MAIS TOLERANTE

ONDE Sesc Pompeia, rua Clelia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700
QUANDO De 28/05 a 04/07 (exceto às segundas).
QUANTO Gratuito



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