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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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Entidade acolhe mães adolescentes

DA ENVIADA ESPECIAL A ARAÇOIABA DA SERRA

G.R.S., 18, engravidou aos 16 anos de um homem 20 anos mais velho que sumiu quando soube da novidade. A família queria que abortasse. G., que estudou até o segundo ano do ensino médio, insistiu na gravidez, pediu ajuda ao Conselho Tutelar da sua cidade e, há 11 meses, deu à luz M..
M.K.O., 18, consumiu maconha, cocaína e cola durante toda a gravidez de V., 1. Para sustentar o vício, trabalhava no tráfico desde os 13 anos, quando saiu de casa e passou a viver nas ruas de São Paulo. Há oito meses, decidiu procurar ajuda porque pretende "criar o filho dignamente, limpa".
N.F.S., 17, deu à luz a menina G. aos 12 anos. Foi viver com um homem que a espancava quase diariamente. Aos 15, engravidou novamente. Nem assim foi poupada das surras. Após o parto, fugiu de casa e pediu proteção à Justiça.
C.N.C., 17, mãe de D., nove meses, viveu em orfanatos desde os seis anos, quando o pai morreu. A mãe, deficiente mental, teve outros nove filhos, todos já adotados. C. engravidou do namorado e teve de ser transferida de abrigo.
Adolescentes com histórias de vida completamente distintas dividem o mesmo espaço na Associação Lua Nova, uma casa em Araçoiaba da Serra (a 117 km de SP) que acolhe jovens mães em situação de risco e busca a reintegração social das adolescentes.
O projeto, que recebeu prêmio de convivência familiar e comunitária da Fundação Abrinq em 2002, visa também resgatar a auto-estima, além de orientá-las para uma maternidade responsável.
Segundo Raquel Barros, coordenadora da associação, em uma primeira etapa, mães e seus bebês moram na comunidade Lua Nova, uma chácara em Araçoiaba da Serra onde recebem assistência terapêutica, estudam, cuidam da casa e fazem artesanato. Na etapa seguinte, as meninas passam a trabalhar na sede administrativa da Lua Nova, em Sorocaba, onde a associação mantém uma fabriqueta de costura. Lá, elas confeccionam brinquedos para vender.
De manhã, as adolescentes deixam os filhos na creche e vão trabalhar. Só voltam à comunidade no fim do dia. O dinheiro ganho é usado para pagar as despesas pessoais da jovem e do bebê. O que sobra fica em uma espécie de poupança e só é sacado quando a menina deixar a associação para reconstruir a vida. (CC)


Lua Nova: 0/xx/15/281-1937


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